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Recomendações ZUM: antirracismo e fotografia, Robert Frank, Annie Leibovitz, Joan Fontcuberta, Ariella Azoulay e mais

Publicado em: 16 de junho de 2020

Protesto contra o assassinato de George Floyd pela polícia em Minneapolis (Jeff Wheeler/Star Tribune via AP/27-05-20)

No artigo A face animal da brutalidade racista, escrito para a revista serrote, o curador e pesquisador Hélio Menezes analisa a já famosa imagem feita em Mineápolis, em que um homem negro ergue uma cabeça de porco durante os protestos que se seguiram à morte de George Floyd. O texto discute a redistribuição da violência na disputa das imagens e narrativas visuais.

O site do Poynter Institute, importante escola de jornalismo localizada na Flórida (EUA), levanta a discussão: fotojornalistas devem ou não mostrar os rostos de pessoas em protestos e manifestações? “Por um lado, (manifestantes) querem que nós documentemos a história, exceto quando não for conveniente. A polícia quer que nós documentemos a história de sua compaixão, de seu profissionalismo, exceto quando não for conveniente, exceto quando estão espancando alguém. Você não pode ter as duas coisas,” comenta Eliana Miller, autora do artigo. 

Gordon Parks, Malcolm X discursa em manifestação, Harlem, New York, 1963 © Cortesia da Gordon Parks Foundation

Do movimento dos direitos civis à questão das #vidasnegrasimportam, Deborah Willis (professora e diretora do Departamento de Fotografia e Imagem da Tisch School da Universidade de Nova York) pergunta, em ensaio publicado no site da revista Aperture: as imagens podem ajudar a combater a injustiça?

A pesquisadora Ariella Aïsha Azoulay e o crítico de arte Carles Guerra trocam ideias sobre o papel da imagem (e dos fotógrafos) no mundo contemporâneo, das lutas antirracistas à crise da covid-19. “Às vezes, temos que inventar o que está faltando, outras vezes devemos nos conter ou desistir de mostrar o que está lá e outras vezes temos que entrar em greve e nos recusar a ser o veículo que mostre alguns grupos sempre como suspeitos, criminosos ou insignificantes”, comenta Azoulay, no site da Fotocolectanea (em espanhol).

O British Journal of Photography compilou uma lista de livros, posts, artigos, guias, galerias, fotógrafos e sites para doações, referências e fontes relacionadas a lutas antirracistas e fotografia. O próprio BJP destaca que não se trata de uma lista definitiva, mas sim um local para começar a se inteirar sobre o tema.

Trolley — New Orleans, de Robert Frank, 1959

O site do jornal The New York Times disseca a famosa fotografia de Robert Frank que abre seu clássico livro Os Americanos, publicado em 1959. Passeando digitalmente pela foto, o jornal analisa a composição e os significados formais da imagem do ônibus em New Orleans, onde pessoas negras são proibidas de se sentarem junto às brancas.

A profusão de eventos virtuais gravados de casa na quarentena criou um acesso inédito à intimidade alheia. Giselle Beiguelman escreveu sobre a imagem que cada um constrói em torno de si em artigo para a revista piauí. “Como os moradores de comunidades e periferias quase não são chamados para comentar a grave situação em que se encontram, a imagem da rotina do isolamento se confunde na televisão com os ideais de uma classe social”, diz a professora.

Esqueleto de cascavel na sala de estar de Georgia O’Keeffe, Abiquiu, 2010. Por Annie Leibovitz, cortesia Galeria Hauser & Wirth.

O jornal El País resenha a exposição online Still Life, da fotógrafa Annie Leibovitz. Famosa por seus retratos de personalidades de destaque, o texto analisa a relação de Leibovitz com um gênero fotográfico pelo qual ela não costuma ser conhecida.

“Produzir imagens é muito simples, mas é difícil lê-las e usá-las de maneira inteligente. Essa é a carência a ser resolvida para reduzir o analfabetismo visual”, comenta o fotógrafo Joan Fontcuberta em entrevista à revista espanhola de fotografia LUR. Fontcuberta fala sobre antigos debates, como o da veracidade fotográfica, mas também de questões incômodas em relação às imagens contemporâneas, como sua desmaterialização e onipresença, o álbum de fotos, a pós-fotografia e novos modelos de autoria. ///

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Leia também no #IMSquarentena uma seleção de ensaios do acervo das revistas ZUM e serrote, colaborações inéditas e uma seleção de textos que ajudem a refletir sobre o mundo em tempos de pandemia.

 

 

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