“Gente de verdade”, do Coletivo Lakapoy

A segunda viagem de produção do Coletivo Lakapoy começou na Aldeia Apoena Meirelles, em Mato Grosso. É nesta comunidade onde vive o Cacique Itabira Suruí, líder maior do clã Kaban. Após a apresentação do projeto e dos resultados da viagem anterior, dezenas de fotos antigas foram escaneadas neste local, e também foram feitos novos retratos. Esta viagem ainda passou pelas aldeias Tikan, Lobó e Lapetanha, todas em Rondônia. As trocas e consultas constantes com as aldeias e lideranças são fundamentais para compreender e enxergar quais direções devem ser tomadas para as novas imagens do projeto, que deve documentar os clãs Gamir e Makor nas próximas viagens.///


A primeira viagem de produção do projeto Gente de verdade aconteceu no final de novembro na Aldeia Lapetanha, região de Cacoal (Rondônia). É lá onde vive o Cacique Geral do povo Paiter Suruí, Almir Narayamoga, que é pai de Xener e Txai, ambos envolvidos neste projeto. Também na mesma comunidade vive a família de Ubiratan, fotógrafo e fundador do Coletivo Lakapoy.

Durante as manhãs, toda a equipe percorria a aldeia para identificar os acervos de fotografias, ouvir as histórias sobre as imagens e organizar o processo de digitalização – a partir do período da tarde, tudo era escaneado por Xener Suruí. Durante o restante do dia, os fotógrafos Ubiratan Suruí e Gabriel Uchida faziam novos retratos na aldeia, com assistência de Christyan Ritse. 

Por conta de condições diversas, muitas das fotografias dos Suruí estão se perdendo. Ao final desse projeto, além das obras apresentadas ao IMS, todo o acervo digitalizado ficará disponível exclusivamente para os Paiter Suruí em uma plataforma online, preservando assim, as memórias, narrativas e tradições guardadas nas fotografias.

Gente de Verdade é o desdobramento e dá continuidade a um projeto que investiga a relação do povo Paiter Suruí com a imagem através da construção de um arquivo visual feito de fotografias guardadas pelos próprios indígenas, desde o momento em que começaram a utilizar câmeras, há pouco mais de 50 anos. O projeto também prevê a criação de retratos atuais feitos por Ubiratan Suruí, o primeiro fotógrafo profissional de seu povo, e a construção de um site que disponibilizará o acervo para os Paiter Suruí.

O Coletivo Lakapoy é formado por Ubiratan Suruí, Txai Suruí e Gabriel Uchida, comunicadores do povo Paiter Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia. Após as lutas pela demarcação do território, os jovens passaram a ser capacitados para utilizar novas tecnologias a fim de desenvolver e documentar suas narrativas, visando preservar e fortalecer a cultura Paiter Suruí. ///

Ubiratan Suruí – É o primeiro fotógrafo do povo Paiter Suruí e atualmente estuda Ciências Humanas e Sociais. Fundador do Coletivo Lakapoy, grupo de produção audiovisual indígena, Ubiratan tem no currículo uma série de exposições e publicações de fotografia, além de produções de cinema. [Foto: Letícia Cardoso]

Txai Suruí – Ativista e líder do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, Txai é filha do Cacique Geral Almir Suruí e da Indigenista “Neidinha” Bandeira. Estudante de direito, Txai também é colunista da Folha de SP, trabalha com cinema e colabora em projetos de arte. [Foto: Gabriel Uchida]

Gabriel Uchida – Graduado em Jornalismo, Uchida vive na Amazônia e trabalha com o povo Paiter Suruí há quase dez anos. Realizou exposições individuais de fotografia na Alemanha e Etiópia, além de já ter publicado em dezenas de países. No cinema, sua produção “O Território” foi selecionada para a shortlist do Oscar e recebeu três indicações ao Emmy. [Foto: Gabriel Uchida]