Sumário 22

Publicado em: 18 de abril de 2022

A guerra da Ucrânia reacendeu a importância das imagens na mobilização internacional, mas o álbum de fotos das tragédias humanas aumenta há anos sem que todos os sofrimentos sejam visíveis.

Samuel Fosso fez do autorretrato uma boia de salvação para superar a violência e as injustiças que marcaram a história da República Centro-Africana. Nos anos 1970, materializou seus desejos na fotografia; hoje, usa suas imagens para navegar entre o prazer e o sofrimento contínuos. Na China dos anos 1990, Rong Rong e uma trupe de artistas encontraram na performance uma forma de resistir à opressão social que a ascensão econômica insistia em manter invisível.

Do outro lado do mundo, o brasileiro Lázaro Roberto registrou a beleza e a luta de seu povo em uma missão pedagógica e afirmativa. Seu trabalho deu origem ao Zumví Arquivo Afro Fotográfico, um dos acervos independentes mais importantes do país.

Em suas colagens e escritos, Arthur Jafa também reescreveu a história para fazer justiça ao denunciar a ocultação das raízes africanas pelo modernismo europeu e apontar a contribuição da arte negra para a cultura mundial.

Com jornais mutilados para realçar seus lotes fotográficos, Mabe Bethônico dá eloquência aos crimes de Mariana e Brumadinho e à associação perversa entre indústria e jornalismo. Quem tem direito de construir um futuro?, pergunta o historiador da arte T. J. Demos. Para combater a violência racializada do capitalismo, é preciso escutar a arte negra, transexual e indígena.

Na descontração das fotografias de Fernanda Liberti, uma rebeldia silenciosa e libertária costura alianças entre identidades distintas. Seu álbum visual circula como pôster para os assinantes da revista.

Em fotografias e escritos, Castiel Vitorino Brasileiro ensina que sua transmutação é não apenas uma forma de cura, mas uma oportunidade revolucionária para que as imagens, as línguas e nós mesmos encontremos novas formas de ser e de existir.