Sumário 01

Publicado em: 1 de agosto de 2013

A FOTOGRAFIA É UM ACIDENTE. Não como sugere a imagem de Jeff Wall estampada na capa da revista. Mas semelhante a um incêndio, como este, garimpado nos arquivos do cineasta e fotógrafo Jorge Bodanzky. Do jornalismo à arte, das pesquisas científicas às redes sociais, de satélites a celulares, a fotografia tomou rumos inesperados e se alastrou como fogo.

ZUM é a revista semestral do Instituto Moreira Salles dedicada ao universo fotográfico. Estas páginas trarão ensaios visuais inéditos ou pouco conhecidos, acompanhados de artigos, entrevistas e textos fundamentais da história da fotografia. ZUM é também um campo de debate para a fotografia contemporânea, aberto a todos os que apostam na reflexão crítica e enriquecido por outras áreas, como o cinema, a literatura e as artes plásticas. Comentários iluminarão as imagens, como fazem o abajur de Autenticação ou o lustre de Ivan Sayers, em duas fotografias de Jeff Wall exibidas pela primeira vez.

Com um mundo requintado, Jeff Wall fincou os pés da fotografia na arte contemporânea. Seu contraponto na revista é a realidade excessiva das imagens dos prisioneiros do Camboja, escaneadas dos negativos originais. Documento terrível de um genocídio, a fotografia aqui tem de encarar uma questão ética fundamental.

Em veredas brasileiras, cruzaremos com a nova floresta verde de Luiz Braga, com a intimidade luminosa de Miguel Rio Branco e com as boias do piscinão de Ramos, fotografadas por Julio Bittencourt. A menção honrosa atribuída por uma premiação de fotojornalismo a uma série de imagens originalmente fotografadas pelos carros do Google não passa batida pelo escritor Geoff Dyer; do outro lado do mundo, o japonês Kohei Yoshyiuki tropeça em um novo tipo de voyeur. Robert Frank, que se afastou do mundo e da imagem perfeita depois de publicar The Americans, exibe seu estilo tardio em polaroides cotidianas e delicadas.

Fotografia também é palavra. A entrevista de Bernd e Hilla Becher é uma aula franca sobre as motivações do casal que permanece dando o tom da fotografia na arte contemporânea. Das folhas da história, Henri Cartier-Bresson expõe o talento de escritor. Bem-humorado, ele dizia ser responsável por fornecer informação a um mundo cacofônico e apressado, repleto de pessoas que precisam da companhia de imagens. Há pelo menos 60 anos, ele já falava de nós.