Revista ZUM 14

Conheça a ZUM #14

Publicado em: 27 de abril de 2018

Nesta edição, a fotografia apresenta o outro, semelhante ou diferente. Veja a seguir o sumário visual da ZUM #14:

O tema da representação indígena aparece nas fotografias dos povos da Terra do Fogo, produzidas nos anos 1920 pelo missionário e antropólogo alemão Martin Gusinde. Com suas lentes, o pesquisador registrou as cerimônias religiosas dos Selk’nam, Yaghan e Kawésqar, gerando ao mesmo tempo “um conjunto de retratos em que a população Yaghan de hoje se reconhece e uma tipologia plausível de figuras sobrenaturais Selk’nam”, segundo a curadora Christine Barthe.

O registro íntimo de uma comunidade aparece nas imagens da fotógrafa holandesa Dana Lixenberg. Sua famosa série Imperial Courts (1993-2015) retratou os moradores de um antigo conjunto habitacional de Los Angeles, EUA. Em entrevista inédita concedida ao retratista sul-africano Pieter Hugo, Lixenberg comenta, entre outros temas, a concepção do projeto e o quanto ele foi importante para ela encontrar sua voz como fotógrafa.

A fotografia como exercício de alteridade é discutida no texto de Wolfgang Tillmans, originalmente uma palestra apresentada na Royal Academy of Arts, Londres. O fotógrafo alemão faz um balanço de sua carreira, marcada pelo experimentalismo, o interesse por pintura e astronomia, além da produção de registros da vida social e sexual de seus amigos.

Nos anos 1980, o fotógrafo mineiro Afonso Pimenta produziu uma série de retratos dos moradores do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. O texto da jornalista Ana Paula Orlandi conta a história do fotógrafo, que viveu na comunidade e capturou o cotidiano de seus vizinhos ao registrar as festas de aniversário e casamento e a efervescência dos bailes blacks.

Sobre a relação entre fotografia e identidade, esta edição traz um texto histórico do russo Aleksandr Ródtchenko, publicado em 1928. O manifesto intitulado Contra o retrato sintético, a favor da fotografia instantânea é uma defesa das múltiplas perspectivas possibilitadas pela fotografia.

A série Cenas privadas, do fotógrafo Masahisa Fukase, um dos grandes nomes da fotografia japonesa, é comentada pelo curador Simon Baker. O trabalho é composto por fotografias instantâneas pintadas à mão. São registros de cenas banais do cotidiano, nos quais Fukase sempre se coloca em primeiro plano, num prenúncio do fenômeno das selfies.

Esta edição traz imagens das performances fotográficas Brasil nativo/ Brasil alienígena e Histórias do Brasil realizadas por Anna Bella Geiger nos anos 1970. Uma das pioneiras da videoarte no país, a artista se vale da linguagem do autorretrato para discutir a construção da identidade nacional. De forma irônica, Geiger mostra a insuficiência das narrativas históricas, “frustrando qualquer projeção pacífica de imagens emblemáticas da nação”, afirma Laura Erber em texto sobre a produção da artista.

Para o artista belga David Claerbout, enquanto a fotografia inaugura um mundo mágico e imprevisível, o surgimento da animação digital revive o conservadorismo das ideologias puras, da percepção instantânea e da satisfação imediata. Em ensaio, Claerbout comenta que “na fotografia feita com lentes, há uma tradição de mútua autenticação entre o operador da câmera e o que está diante da objetiva. O fotógrafo e seu objeto exercem influências recíprocas e simultâneas. Na ilustração 3D, é preciso dar respostas para tudo, e com isso cada imagem produzida expõe suas próprias motivações ideológicas”.

O trabalho do fotógrafo suíço Yann Gross oferece um contraponto ao discurso do exótico. No premiado O livro da selva, Gross retrata a Amazônia do século 21, mostrando uma cultura ligada à floresta, mas também aos centros urbanos e ao universo das celebridades, como observa o jornalista Daigo Oliva em resenha publicada nesta edição.

A respeito da produção e o consumo de imagens, o historiador Viktor Chagas, coordenador do projeto #MUSEUdeMEMES, escreve sobre o papel político dos memes fotográficos e a necessidade de pesquisar o seu impacto na internet. Para ele, “os memes comentam os acontecimentos, expressam uma opinião pública e desempenham um papel de insurreição ao qual o sistema político não está acostumado a se sujeitar”.///

 

 

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