Sumário 10

Publicado em: 8 de abril de 2016

PARA CELEBRAR esta décima edição, ZUM apresenta ensaios fotográficos novos e históricos, além de textos escritos especialmente para a revista. Num trabalho de resgate exemplar, o professor Andreas Valentin revê a obra de José Oiticica Filho, que uniu conhecimento científico e artístico para desafiar a relação entre realidade e fotografia. Tatewaki Nio, autor da fotografia da capa desta edição, cruzou a fronteira do Brasil para registrar a surpreendente arquitetura da Bolívia, com prédios que às vezes parecem jukeboxes montadas no Photoshop. A reflexão sobre a circulação das imagens ganha força em três artigos. Em duas séries distintas, Odires Mlászho escarifica o verso de fotografias publicadas em jornais e transforma em serpetinas figuras tiradas de livros, numa busca obsessiva para entender como se transformam as imagens quando delas se extraem a forma, o contexto e a tinta. Dorrit Harazim, colaboradora assídua da revista, resenha o polêmico livro de David Shields que contesta a imparcialidade da cobertura visual de guerra do New York Times – reflexão criteriosa, que merecia se estender à imprensa tupiniquim.

A professora canadense Lorna Roth questiona a neutralidade da tecnologia fotográfica ao resgatar a história dos cartões Shirley, usados desde os anos 1940 para padronizar o tom de pele nas fotografias. A discussão de como as ferramentas digitais podem fortalecer a identidade de um grupo é o foco do artigo sobre o Canal Motoboy, uma espécie de rede social de imagens replicada em diversos lugares do mundo. ZUM traz ainda a série completa de retratos de Nicholas Nixon sobre a passagem do tempo na vida de quatro mulheres; o tempo condensado de Michael Wesely nas imagens da reforma da Potsdamer Platz, em Berlim; a produção incendiária do ucraniano Boris Mikhailov, que expôs os conflitos sociais e políticos de seu país; e o estranho humor em Technicolor do sueco Lars Tunbjörk, que morreu em 2015, no auge de sua produção. Boa leitura.