Livros

Melhores livros de fotografia de 2015

Publicado em: 17 de dezembro de 2015

ZUM convidou artistas, fotógrafos, designers, pesquisadores, jornalistas, críticos e professores a selecionar um livro brasileiro de fotografia publicado em 2015, conformando uma lista colaborativa do melhor da fotografia em forma de publicação – fotolivros, catálogos de exposição, livros monográficos e de teoria e história da fotografia. Veja abaixo a escolha de cada convidado.


AGNALDO FARIAS (crítico de arte e professor da FAU-USP)

EntreVistas, de Claudia Jaguaribe (Editora Madalena): “O livro nasceu da complexa série de fotos de mesmo nome, por sua vez geradora de uma exposição realizada na passagem de 2014 para 2015, composta por essas fotos, filmes e um originalíssimo conjunto de esculturas recobertas por imagens e projeções, todas elas proveniente dessa mesma fonte. EntreVistas não documenta a exposição, mas abre outra perspectiva de apresentação da série fotográfica, explorando, para isso, a natureza da experiência espacial e temporal propiciada pelo objeto livro.”
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RUBENS FERNANDES JUNIOR (curador e crítico de fotografia, professor e diretor da Faculdade de Comunicação da Faap)

William Eggleston, a cor americana, organização de Thyago Nogueira (Instituto Moreira Salles): “Um livro diferente, muito qualificado e corajoso.”

catálogo "William Eggleston, a cor americana"


ROSÂNGELA RENNÓ (artista plástica e curadora-adjunta de fotografia do Masp)

Cao, de Cao Guimarães (Cosac Naify): “Este ano, o melhor que vi foi o do Cao. Simplesmente porque é pura poesia… E porque sou fã dele!”


MAURICIO LISSOVSKY (professor de roteiro e teoria da imagem na Escola de Comunicação da UFRJ)

Sobre marinhos, de Gilvan Barreto (autopulicado): “Para que serve hoje um livro de fotografias? Para restituir tempo à imagem. Tempo não apenas de fruição estética, mas de intensidade subjetiva e densidade histórica. Serve para restituir imagem à palavra – onde a narrativa nos convida ao mistério do sentido. Um livro de fotografias só nos serve, hoje, se for bem complicado.”


ELAINE RAMOS (designer e diretora de arte da editora Cosac Naify)

Claudia Andujar, no lugar do outro, organização de Thyago Nogueira (Instituto Moreira Salles): “Além do ineditismo de apresentar um período pouco conhecido da obra de Andujar, neste livro catálogo a capa já é um convite aos olhos e às mãos e, ao folhear o volume, percebe-se que todos os elementos essenciais (formato, papéis, encadernação) foram muito bem orquestrados pelas designers Elisa von Randow e Julia Masagão. O papel verde em formato menor, impresso em tinta cor de ferrugem, reune os textos breves e informativos, organizam os capítulos e dão personalidade ao projeto.”

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DENISE GADELHA (artista, educadora e pesquisadora, organizou a exposição Fotos contam fatos)

Zoológico, de Fernando Peres (Editora Aplicação): “Este singelo livreto é extremamente intimista, tanto em sua linguagem como no método de impressão. Silvan Kälin fez a edição dos textos e fotografias que Peres provavelmente descreveu em mensagens privadas, e criou uma publicação utilizando a impressora Risograph que possui. Fernando Peres descreve a fauna que coabita sua casa como se estivesse falando com um velho amigo; relata com informalidade e humor os feitos dos seus 24 gatos, dois cachorros, dois preás, duas catitas albinas, duas ratas, duas tartarugas, sete saguis, sapos e timbus.”

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DAIGO OLIVA (editor-adjunto do caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo, mantém o blog sobre fotografia Entretempos no portal do jornal)

Cabanagem, de André Penteado (Editora Madalena): “Mesmo que o leitor não saiba sobre o que este fotolivro discorre, a edição das imagens, com muito fôlego, leva o olhar a um percurso violento e pesado, permeado de uma sensação incômoda. Depois de compreender a origem e as motivações do trabalho, calcado na Revolta da Cabanagem e na permanência de suas consequências no Brasil atual, é possível dissecar o país em três elementos: religião, burocracia e a sensação de que este é um lugar torto, atravessado, onde tudo é improvisado e com algo por fazer.”


LÍVIA AQUINO (artista, coordenadora e professora da pós-graduação em Fotografia da Faap)

60/70: As fotografias, os artistas e seus discursos, de Juliana Gisi (Prêmio Marc Ferrez): “Resultado da tese de doutorado da autora, a publicação demarca a importância de termos políticas institucionais que possibilitem a difusão de pesquisas realizadas em âmbito acadêmico, aproximando-as cada vez mais de um público amplo. Nesse caso especialmente, podemos ver delineado um argumento que coteja os escritos de artistas acerca da fotografia e suas produções poéticas, assinalando um debate importante para aquilo que mais tarde passa a fazer parte das práticas ditas contemporâneas.”


JOAQUIM MARÇAL FERREIRA DE ANDRADE (professor da PUC-Rio, pesquisador da Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional e curador do portal Brasiliana Fotográfica)

Rio revelado, de Cristiano Mascaro (Casa da Palavra): “Nosso melhor fotógrafo de arquitetura presenteou a capital fluminense com este livro em seus 450 anos. É um passeio pela cidade, com o olhar atento aos detalhes de sua arquitetura – quase sempre, do ponto de vista do caminhante. Com design inspirado de Victor Burton, é um livro pujante, impactante, claro, conciso, onde as imagens (sempre em preto e branco) ocupam todo o espaço e dão conta da narrativa. Triste, mesmo, é saber que este Rio revelado de Mascaro só existe nas páginas do livro, sóbrio e silencioso. Ao vivo e a cores, a realidade é outra.”


ELISA VON RANDOW (designer e diretora de arte da revista ZUM)

Amazônia ocupada, de João Farkas (Sesc/Editora Madalena): “Um livro que rende homenagem ao clássico Amazônia, de Claudia Andujar e George Love, com belos retratos de uma floresta cheia de gente e história. A edição provoca diálogos sutis de beleza e humanidade.”


MARIANO KLAUTAU FILHO (artista e pesquisador de fotografia, professor da Universidade da Amazônia em Belém-PA)

Tempo arenoso, de Elaine Pessoa (Olhavê): “Com referências à filosofia e à literatura, em especial a do uruguaio Mário Benedetti, a fotógrafa faz um delicado exercício de sobreposições ao observar uma praia urbana de Montevidéu. O livro encadeia pequenos intervalos de tempo que se acomodam como camadas de areia, em que fotografia e escrita se tornam, para o leitor, uma só experiência.”


FÁBIO MESSIAS (fotógrafo, designer gráfico e um dos fundadores do grupo de discussão sobre fotolivros TRAMA)

Cabanagem, de André Penteado (Editora Madalena): “O melhor livro publicado pela jovem Editora Madalena até aqui. André Penteado mira seu flash — marca de outros trabalhos do fotógrafo — agora na Cabanagem, grande revolta social que ocorreu no século XIX no Grão-Pará. Em uma pesquisa que tenta encontrar marcas da história brasileira no presente, André parece desvendar o Brasil atual em seu livro: ainda belo em sua natureza, mas profundamente violento, burocrático e sem saída. Imperdível.”

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