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Exposição em Paris relembra Germaine Krull, pioneira do fotojornalismo e dos fotolivros

Publicado em: 16 de julho de 2015
Rue Auber à Paris

Rua Auber, Paris, c. 1928

 

Uma das figuras mais importantes da história da fotografia, Germaine Krull (1897-1985) é tema de uma grande retrospectiva em cartaz no museu Jeu de Paume, em Paris. Esta é a primeira exposição individual de seu trabalho em 15 anos. A fotógrafa, nascida na Prússia do Leste (atual Polônia), viajou pela Europa em sua juventude, trabalhando na Alemanha, Rússia, Holanda e França. Em 1928, em Paris, publicou Métal, fotolivro decisivo na criação de uma poesia visual moderna, com 64 fotografias de estruturas metálicas – que ao serem registradas por baixo, preenchem o quadro com uma geometria inesperada. O primeiro volume de The Photobook, de Martin Parr e Gerry Badger, descreve Métal como “o melhor exemplo de um fotolivro moderno na dinâmica, modo cinemático” de uma fotógrafa “à vanguarda do modernismo radical”.

Ainda em 1928, Krull ingressou na então recém-criada revista de fotografia VU, onde permaneceu como colaboradora até 1933, registrando a vida parisiense, os trabalhadores e os mendigos da cidade. Durante esse período, também produziu reportagens para as revistas Jazz, Variétés, Art et Médecine e L’Art vivant. Pioneira do fotojornalismo moderno, na introdução ao seu livro Estudos de nus (1930) escreveu: “O verdadeiro fotógrafo é testemunha dos eventos de cada dia, um repórter”.

 

Nus

Nus

 

Em 1941, alistou-se nas Forças Francesas Livres, servindo com sua câmera na Segunda Guerra Mundial. Depois viajou à Àsia, onde tornou-se diretora do Hotel Oriente em Bangcoc, estabelecimento que ajudou a tornar conhecido. Então foi à Índia, onde viveu entre exilados tibetanos e converteu-se ao Budismo. Nunca deixou de fotografar ou de viajar, produzindo outras tantas crônicas visuais dos lugares por onde passou, incluindo o Brasil: Ballés de Monte-Carlo (1937); Uma Cidade Antiga do Brasil, Ouro Preto (1943); Chieng Mai (c. 1960); Tibetanos na Índia (1968).

O talento e o pioneirismo da fotógrafa foram reconhecidos por Man Ray: “Germaine, você e eu somos os maiores fotógrafos de nosso tempo — eu no sentido antigo, você no moderno”. Entretanto, enquanto o trabalho mais caro de Man Ray posto a leilão foi arrematado por 1,2 milhões de dólares, nenhuma das obras de Krull alcançou uma cifra de seis dígitos. Sua produção foi muito menos estudada que a de seus contemporâneos László Moholy-Nagy e André Kertész, e Krull teve um número significativamente menor de exposições realizadas até hoje.

A retrospectiva Germaine Krull (1897-1985) – A jornada de uma fotógrafa fica em cartaz até 27 de setembro. Focada no período parisiense (1926-1935), mais precisamente nos anos de intensa produção, entre 1928 e 1933, apresenta 130 impressões vintage e documentos do período, incluindo revistas e livros nos quais Krull colaborou.

 

 

IMAGENS: © Estate Germaine Krull, Museum Folkwang, Essen

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