Conheça destaques da produção preta, periférica, trans, travesti e indígena em três festivais on-line de cinema
Publicado em: 10 de novembro de 2020A produção preta, periférica, trans, travesti e indígena é destaque em três festivais online de cinema neste mês de novembro: Nicho Novembro, FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema II e o Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade. A curadora Márcia Vaz, que trabalhou nestas edições do FIM e do Mix Brasil, indica algumas obras para você assistir.
NICHO NOVEMBRO II
09 a 15 de novembro de 2020
www.nichonovembro.com.br
O festival é um evento do Instituto Nicho 54. A aposta dos criadores é apresentar filmes que convidem o público a ampliar seu repertório visual propondo debates e tensões entre narrativas brasileiras, da diáspora e do continente africano.
Essa edição exibe quatro longas e 12 curtas-metragens, sendo oitos premières brasileiras, com filmes do Brasil, Quênia, Estados Unidos, Angola, Ruanda e França. Espalhados ao longo de uma semana, os filmes estreiam sempre às 19h e ficam disponíveis por 42 horas na plataforma www.nichonovembro.com.br
Minha dica é que acompanhem toda a programação de filmes e debates. Pois, em se tratando da produção audiovisual preta, a seleção feita para o Nicho Novembro II não será facilmente encontrada em outro lugar. De todo modo, segue uma dica deliciosa de um dos destaques do festival Sundance que será exibido no Brasil pela primeira vez.
Colunas (Pilars), de Haley Elizabeth Anderson – Na missa de domingo, Amber, uma menina de 12 anos, dá seu primeiro beijo. Um momento inocente que impacta profundamente seu desenvolvimento sexual, emocional e religioso. Imperdível.
FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema
10 a 17 de novembro de 2020
https://fimcine.com.br/br/
Sessão Todas as mulheres do mundo
Mapeada na produção nacional e tendo como foco as mulheres negras, indígenas, trans, asiáticas e travestis, essa sessão apresenta seis filmes de curta-metragem que apresentam uma costura contemporânea e ancestral evocada por mulheres que exploram a diversidade nas formas de experimentar suas existências nesse mundo.
Pattaki, de Everlane Moraes
Mãtãgnã, de Shawara Maxakali
Travessia, de Safira Moreira
Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Vita Pereira e Sthefanny Fernanda
Receita de caranguejo, de Issis Valenzuela
Tea for two, de Julia Katherine
Ainda seguindo a mesma proposta dos curtas, alguns filmes de longa-metragem nos trazem uma costura da experiência da mulher negra no mundo. Seja no Brasil, na França ou nos EUA, somos atravessadas pelas mesmas questões, afetos, conflitos e o processo de descoberta de quem somos. Estes filmes juntos são um convite ao deslocamento e decolonização do olhar do espectador viciado em narrativas, direções e expectativas hegemônicas.
Até o fim, de Glenda Nicácio e Ary Rosa – Dupla de cineastas baianos que está criando uma nova estética de recôncavo para o cinema.
Um dia com Jerusa, de Viviane Ferreira – Bairro do Bixiga, ancestralidade, afeto e uma imperdível atuação da grandiosa Léia Garcia.
Jinn, de Nijla Mu`Min – A adolescência e os conflitos com uma mãe se convertendo ao Islã, no sul de Los Angeles. Primeira e única exibição no Brasil deste filme que foi um dos destaques no SXSW.
Abrir a voz, de Amandine Gay – O documentário se propõe a conversar com diversas mulheres afro-francesas e suas vivências a partir da história colonial europeia na África e Antilhas.
Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade
11 a 22 de novembro de 2020
www.mixbrasil.org.br
Já tradicionalmente pautado pela diversidade, destaco três filmes do Mix Brasil que dialogam entre si e com outras linguagens propostas pelo festival, como literatura e teatro, entre outros.
Inabitáveis, de Anderson Bardot – a performance homoafetiva negra, os contornos da dança contemporânea, seus corpos em movimento e o presente de se deparar com a bela atuação de Castiel Vitorino.
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho – Uma mãe em busca de sua jovem filha desaparecida, a angústia da falta de resposta e a maestria das atuações e da direção nos colocam dentro deste momento específico da vida daquela mãe.
Para onde voam as feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral – embora a assinatura da direção esteja creditada a este trio, ao assistir ao filme fica evidente a construção coletiva deste documentário pautado na experiência do cinema direto. Um grupo de artistas LGTBQIA+ sai às ruas de São Paulo para desconstruir, com talento e humor, todos os conceitos preestabelecidos. ///
Márcia Vaz é curadora independente de filmes e produtora do IMS. É formada em Comunicação – Rádio e TV (UNESP) e é membro do Programmers of Colour Collective. Faz parte dos comitês de curadoria do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema, Mix Brasil – Festival de Cultura da Diversidade e da Mostra EcoFalante de Cinema Ambiental.
Tags: cinema, Diversidade, festival