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Como a fotografia pode capturar o que significa ser humano é tema da exposição Ser: Nova fotografia 2018 no MoMA de NY

Publicado em: 6 de abril de 2018

Aïda Muluneh (Etiopia, 1974) constrói personagens através de maquiagem colorida, fantasias e manipulações fotográficas. A série O mundo é 9, de 2016, transmite a multiplicidade e as contradições inerentes a um indivíduo.

B. Ingrid Olson (EUA, 1987) enquadra fotografias de figuras ou de partes do corpo - inclusive o dela - dentro de outras fotos ou de caixas de acrílico. Ao apresentar o corpo através de efeitos de espelhos literais e metafóricos, como em Ângulo de feltro, caixa para ficar (2017) ou Modelo para um quarto dobrado, cinta liga(2017), os trabalhos de Olson desafiam entendimentos claros de identidade. B. Ingrid Olson. Felt Angle, box for standing. 2017. MoMA, Nova York. Fundo para o Século 21 © 2018 B. Ingrid Olson

Sofia Borges (Brasil, 1984) retrata máscaras e pequenos modelos, muitas vezes através de manipulações de imagens realizadas em museus, zoológicos, aquários ou coleções de arquivos - instituições nas quais os mecanismos de exibição desempenham um papel central. Suas obras, como a peça de papel de parede Teatro, ou caverna, de 2014, convidam os espectadores a experimentar o artifício e o espetáculo da representação fotográfica. Sofia Borges. Yellow Chalk. 2017. MoMA, Nova York. Fundo para o Século 21. © 2018 Sofia Borges

Stephanie Syjuco (EUA, nascida nas Filipinas, 1974), na série Culto à carga e fotos de passaporte (Migrantes), reinterpreta o padrão do retrato etnográfico do século 19 e o formato onipresente da fotografia de passaporte. Stephanie Syjuco. Cargo Cults: Head Bundle. 2013-16. Cortesia da artista e da Galeria Catharine Clark, São Francisco e da Galeria Ryan Lee, Nova York. © 2018 Stephanie Syjuco

Joanna Piotrowska (Polônia, 1985) retrata, em sua série Frowst, pessoas em ambientes que geram um certo desconforto. Os personagens parecem ao mesmo tempo desajeitados e pouco à vontade, mas também próximos uns dos outros. Joanna Piotrowska. XXXI, FROWST. 2013-2014. MoMA, Nova York. Fundo familiar Carol e David Appel © 2018 Joanna Piotrowska

Matthew Connors (EUA, 1976) tem retratado no seu trabalho indivíduos como parte de culturas coletivas, bem como atritos entre cidadãos e seus governos. Em uma série de fotografias recente, feita durante várias viagens à Coreia do Norte de 2013 a 2016, ele combina um estilo documentário com uma abordagem mais metafórica, capturando imagens de pessoas e de uma simbologia típica local. Matthew Connors. Mask in Reverse. 2016. Cortesia do artista © 2018 Matthew Connors

Andrzej Steinbach (Alemanha, nascido na Polônia, 1983) apresenta sua série Sociedade começa com três, que usa o formato convencional de um retrato de grupo, mas em que cada fotografia retrata apenas uma pessoa na íntegra, cortando as outras da moldura e trocando as posições e roupas nas demais fotos da série. Andrzej Steinbach. Sem título. 2017. Cortesia do artista e da Galeria Conradi, Hamburgo e Bruxelas. © 2018 Andrzej Steinbach

Sam Contis (EUA, 1982) fotografou a série Deep Springs (2017) na escola de artes estritamente masculina de mesmo nome localizada no deserto da Califórnia. Os personagens retratados por Contis estão à beira da idade adulta e tal desenvolvimento aparece na dinâmica social do grupo e sua conexão com a paisagem local. Sam Contis. Denim Dress. 2014. MoMA, Nova York. Adquirido pela generosidade de Thomas e Susan Dunn © 2018 Sam Contis

Adelita Husni-Bey (Itália, 1985) em um projeto especial concebido para a exposição, conduziu uma oficina que imaginava possíveis usos do museu após uma ficcional crise global. As fotografias da série Serforam feitas no último dia do workshop, em que os participantes representaram os personagens que haviam criado. Adelita Husni-Bey. The Council. 2018. Cortesia do artista e Laveronica arte contemporanea, Modica, Italy © 2018 Adelita Husni-Bey

Paul Mpagi Sepuya (EUA, 1982) explora as interseções de raça, gênero e desejo dentro da história da fotografia de retrato. Em sua série Figuras, terrenos e estudos e em uma nova colagem feita para a exposição, Sepuya usa os materiais do próprio estúdio - tornando a câmera visível, intercalando várias peças de papel fotográfico e colocando em primeiro plano a plataforma e a cortina em que o modelo posa – para forçar os espectadores a confrontar suas próprias perspectivas. Paul Mpagi Sepuya. Mirror Study (4R2A0857). 2016. MoMA, Nova York. Fundo para o Século 21. © 2018 Paul Mpagi Sepuya

Harold Mendez (EUA, 1977) e suas fotografias do cemitério Cristóbal Colón e outros locais funerários em Havana, Cuba - Na borda do cemitério (2017) e Sempre será(2017) – trabalham o caráter de memória da fotografia ao retratar lápides ou os detritos deixados em sepulturas e memoriais pelos vivos. Harold Mendez. Consent not to be a single being. 2017-18. Cortesia do artista e da Galeria Patron, Chicago. © 2018 Harold Mendez

Yazan Khalili (Palestina, nascida na Síria, 1981) desafia as suposições contemporâneas sobre as aparências de indivíduos associados a um determinado lugar, crença ou cultura. Seu vídeo Escondendo nossos rostos como um vento dançante, de 2016, utiliza software de reconhecimento facial para evocar as histórias de “evidências” fotográficas que serviram para identificar ou classificar indivíduos através de suas características faciais. Yazan Khalili. Hiding our faces like a dancing wind . 2016 (still). Vídeo (colorido, sem som), 7’30’’. Cortesia da artista e de Lawrie Shabibi, Dubai. © 2018 Yazan Khalili

A dupla Hương Ngô (EUA, nascida em Hong Kong, 1979) e Hồng-ươn Trương (EUA, 1976) em seu trabalho colaborativo O oposto de olhar não é invisibilidade. O oposto do amarelo não é ouro (2016) exploram seus próprios álbuns de família, que imigraram para os EUA do Vietnã na década de 1970. Os artistas combinaram as fotografias com trechos de transcrições de audiências no Congresso dos EUA sobre refugiados vietnamitas, definindo termos como "estrangeiros" ou "ilegais". Hương Ngô e Hồng-Ân Trương. The opposite of looking is not invisibility. The opposite of yellow is not gold (detalhe). 2016. Cortesia dos artistas. Foto: Jerry Mann © 2018 Huong Ngo e Hong-An Truong

Em Rooney (EUA, 1983) seleciona fotografias de seu arquivo pessoal e as apresenta com molduras únicas, algumas criadas a partir de livros antigos ou construídas a partir de materiais de tecido, metal, vidro ou cerâmica. Obras como Elliot (2015) ou Sarah com uma pintura de seu próprio olho (2017) ressaltam como fotografias, enquanto lembranças ou souvenires, podem se tornar objetos de acalanto. Em Rooney. D.C. After the March. 2017. Cortesia da artista e Bodega, Nova York. © 2018 Em Rooney

Shilpa Gupta (Índia, 1976) retratou, em 2014, um grupo de 100 indivíduos que mudaram seus sobrenomes por motivos políticos, familiares ou emocionais. As peças, divididas e emolduras em duas partes, são embaralhadas e expostas perto o suficiente para que os espectadores possam encontrar e “completar” toda a imagem. Shilpa Gupta. Sem título. 2014. Cortesia da artista e da Galeria Continua, San Gimignano, Pequim, Les Moulins e Havana. © 2018 Shilpa Gupta

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Desde 1985, o MoMA de Nova York organiza a série de exposições Nova fotografia, que tem como objetivo apresentar novas ideias e fotógrafos do mundo inteiro em torno de um tema proposto pela curadoria da instituição. Em sua 24ª edição, a mostra deste ano partiu da pergunta “como a fotografia pode capturar o que significa ser humano?” para elencar um grupo de 17 artistas de dez países diferentes, entre eles a brasileira Sofia Borges, ganhadora da Bolsa ZUM/IMS de Fotografia em 2017.

Batizada Ser: Nova fotografia 2018, a mostra evidencia, na visão do museu, uma nova direção da fotografia contemporânea, saindo de um período em que a mediação de plataformas tecnológicas, aplicativos e outras ferramentas não humanas usadas para produzir imagens dá lugar a diferentes maneiras de como os seres humanos são percebidos e representados através da fotografia. Muitos dos artistas selecionados para esta edição desafiam as convenções fotográficas do retrato, usando estratégias para desorientar ainda mais os espectadores, como o uso de máscaras, cortes abruptos e desconstrução da imagem. Outros utilizam fotos encontradas que, deslocados de seus contextos de origem, acabam por contar novas histórias.

Criada por John Szarkowski (1925-2007), o famoso diretor de fotografia do museu, a série de exposições apresentou ao público ao longo das últimas três décadas nomes como Philip-Lorca diCorcia, Paul Graham, Mike Mandel, Boris Mihailov, Rineke Dijkstra, Wolfgang Tillmans e Viviane Sassen, entre outros.///