Livros

Uma seleção de 10 fotolivros sobre a cultura afro-brasileira

Publicado em: 20 de novembro de 2017

No Dia Nacional da Consciência Negra, ZUM selecionou 10 livros de fotografia que abordam temas relacionados à cultura afro-brasileira. Os temas vão de fotografias que registraram a sociedade brasileira do período colonial e escravocrata, as ruas das primeiras concentrações urbanas do país, com a forte presença de escravos recém-alforriados, até imagens recentes de comunidades quilombolas que foram centros de resistência no período da escravidão.

Também se destacam importantes imagens dos rituais afro-brasileiros realizadas tanto com um viés mais documental e jornalístico, até interpretações mais artísticas dessa herança africana presente em nossa cultura. Os livros selecionados fazem parte do acervo da biblioteca do IMS Paulista.

Candomblé, de José Medeiros, 1957

O fotógrafo piauiense publicou em 1951, na revista O Cruzeiro, o primeiro ensaio da imprensa brasileira mostrando rituais secretos de iniciação das filhas de santo do candomblé. Com um viés sensacionalista, a matéria “As noivas dos deuses sanguinários” causou grande polêmica na época. Em 1957, o ensaio foi lançado integralmente em livro, que seria reeditado pelo IMS em 2009.

 

 

Laróyè, de Mário Cravo Neto, 2000

O título do livro é uma saudação iorubá para Exu, o mais humano dos orixás e filho de Iemanjá, para quem o livro é dedicado. As fotografias de Mário Cravo Neto são uma ode à Bahia e ao seu povo, na intensa relação com o mar e a cultura africana. As cores fortes, a sensualidade nos corpos e a devoção dos baianos surgem como um filme na sequência de imagens do livro.

 

Na rua, de Vincenzo Pastore, 2009

O fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, radicado no Brasil desde 1894, fotografou as ruas da cidade de São Paulo nos primeiros anos do século 20. As fotos, raros retratos da população negra recém–alforriada, revelam sua luta cotidiana em atividades informais para garantir sobrevivência à margem da sociedade.

 

Pele preta, de Maureen Bisilliat, 2010

Considerado o primeiro trabalho fotográfico maduro de Maureen Bisilliat, a série Pele preta foi realizada na década de 1960, período que artista passa da pintura à fotografia. São imagens de corpos negros de mulheres e crianças, que emergem e ganham volume em um primoroso trabalho de luz e sombra. Neste livro, editado em 2010 pelo IMS, as fotografias aparecem combinadas com trechos de poemas de Jorge de Lima.

 

Retratos da Bahia, de Pierre Verger, 2002

Em 1946, o fotógrafo francês Pierre Verger desembarcou na Bahia. Até a sua morte, 50 anos depois, viveu em Salvador e registrou de forma intensa a vida local, a arquitetura da cidade, seus moradores, suas festas religiosas de raiz africana e as celebrações populares.

 

Cavalo de santo: religiões afro-gaúchas, de Mirian Fichtner, 2010

O trabalho de Mirian Fichtner apresenta uma espécie de catalogação de nações, entidades, cerimônias, símbolos e rostos ligados à comunidade afro-gaúcha (de acordo com o censo do IBGE de 2005, o estado tem o maior número de terreiros e de praticantes declarados no Brasil). A pesquisa da fotógrafa mostra as diferentes religiões de origem africana presentes no estado do Rio Grande do Sul.

 

Ê, povo, ê, de Holanda Cavalcanti, 2006

A fotógrafa Holanda Calvanti apresenta em 130 cenas do cotidiano de baianos e angolanos. Os retratos de Holanda lançam um olhar carinhoso para os sorrisos, penteados, corpo e beleza de crianças, mulheres e homens dos dois países. Sem uma identificação clara de onde as fotos são feitas, o livro realça este jogo aproximação e distância entre duas culturas.

 

Imagens do sagrado: entre Paris Match e O Cruzeiro, de Fernando de Tacca, 2009

Fruto da pesquisa acadêmica do fotógrafo e antropólogo Fernando de Tacca, este livro apresenta e analisa o embate midiático em torno da cobertura fotojornalística do candomblé na Bahia realizada pelas revistas O Cruzeiro e Paris Match no início da década de 1950. A maneira com que cada uma das publicações fotografou e editou ensaios sobre rituais secretos do candomblé provocou debates acalorados entre religiosos e intelectuais da época.

 

O negro na fotografia brasileira do século XIX, de George Ermakoff, 2004

Dividido em duas partes, este livro apresenta um grande número de fotografias do período da escravidão no Brasil. A primeira comenta esse contexto histórico em paralelo à história da fotografia no país. A segunda apresenta perfis dos fotógrafos mais importantes da época, como Alberto Henschel, Christiano Júnior, Augusto Stahl, Victor Frond, Marc Ferrez e Juan Gutierrez.

 

Terras de preto: mocambos, quilombos: histórias de nove comunidades negras rurais do Brasil, de Ricardo Teles, 2002

Resultado de quase uma década de trabalho nos anos 1990, o livro do fotógrafo gaúcho documenta nove comunidades quilombolas nos estados de Pernambuco, Goiás, Bahia, São Paulo, Maranhão e Pará. A resistência e resiliência dessas comunidades surgem nos retratos de seu cotidiano e grandes festas populares, como a Marujada, e celebrações religiosas de D’Abadia e São Gonçalo.///

 

Tags: , ,