“Microfilme”, de Letícia Ramos

Para esse trabalho, Letícia escolheu como suporte de registro o microfilme, material e técnica utilizados rotineiramente para reprodução e arquivamento de documentos. O resultado é a representação de uma paisagem atemporal, como a própria artista gosta de descrever, de um ambiente abandonado pelo homem e que a natureza se encarregou de reconquistar. O projeto materializou-se na forma de dez polaroides 4×5’’, dez ampliações panorâmicas a partir de microfilmes da paisagem particular interpretada pela artista e dois polípticos retratando espécimes vegetais do local, também em microfilme. O material agora pertence ao Acervo de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles.

Como um método próprio, na maior parte de seus trabalhos Letícia parte de dois elementos: narrativa, uma ficção que geralmente se relaciona com as velhas histórias de exploradores e suas aventuras, uma mistura de literatura com ciência; e registro dessa narrativa. A maneira como é contada cada história sempre parte de um engenho, a confecção de um aparato técnico de baixa tecnologia, ou mesmo a recuperação de aparatos fora de uso. Letícia acaba por se confundir com uma arqueóloga que, além de explorar um mundo novo, desenterra artefatos para registrá-lo. Seu trabalho quer ser um registro científico, mas acaba por ser uma interpretação pessoal do real, com direito a ficção e fantasia.

Veja o processo da artista em diversos posts ao longo do trabalho.

Leia entrevista com Letícia Ramos sobre o projeto Microfilme e assista à conversa com o cineasta Jorge Bodanzky.//



Foto: Studio LR.



Letícia Ramos (Santo Antônio da Patrulha, RS, 1976) vive em Lisboa. Participou de exposições no Pivô (São Paulo), Tate Modern (Londres), Itaú Cultural (São Paulo), Centro Cultural São Paulo, Museu Coleção Berardo (Lisboa) e Instituto Tomie Ohtake (São Paulo). Foi vencedora do Prêmio Marc Ferrez em 2011 e do Prêmio Brasil Fotografia em 2012. Publicou o livro de artista Cuaderno de Bitácora