Bolsa ZUM/IMS 2024


O Instituto Moreira Salles anuncia os dois projetos vencedores da 12ª edição da Bolsa ZUM/IMS. São eles: O Templo que o vento inventar, da artista Ventura Profana; e Barranca, do artista davi de jesus do nascimento.

A comissão julgadora da Bolsa ZUM/IMS selecionou os ganhadores da décima segunda edição depois de avaliar cerca de 450 projetos de todas as partes do país. Ventura Profana e davi de jesus do nascimento receberão bolsas no valor de R$80 mil, cada um, e desenvolverão seus projetos durante oito meses, orientados pela área de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles. Parte do resultado final dos projetos será incorporada à Coleção Contemporânea do IMS, ao lado de obras dos projetos vencedores da Bolsa ZUM/IMS em anos anteriores.

O júri deste ano foi formado por Ana Maria Maia, curadora-chefe da Pinacoteca de São Paulo; Hélio Menezes, Diretor Artístico do Museu Afro Brasil (SP); Renata Bittencourt, Diretora de Educação do IMS; Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do IMS, e Daniele Queiroz, curadora-assistente da área de Fotografia Contemporânea do IMS.

Em O Templo que o vento inventar, Profana pretende criar nove colagens, que serão impressas sobre retalhos de tecidos de dimensões distintas, com imagens, ilustrações e fotografias. A obra inclui também a edificação de uma tenda inspirada no Santo dos Santos, o lugar mais reservado do Tabernáculo, desenhada para abrigar as colagens. O espaço possuirá estrutura espiral feita com bambu e será revestido por palhas de piaçava. As colagens serão feitas em diálogo com o tríptico O Jardim das Delícias Terrenas (1504), pintura de Hieronymus Bosch.

Em Barranca, davi de jesus do nascimento construirá um álbum de fotos com o acervo de familiares e da comunidade ribeirinha da cidade de Pirapora (MG), investigando imagens dos pescadores, lavadeiras e mestres carranqueiros que habitam o curso do rio São Francisco, feitas entre os anos 1980 e 2000. Além do álbum, será criado um mapa afetivo da região.

“A Bolsa ZUM abre para o IMS um campo de diálogo e reconhecimento. É possível perceber diferentes vertentes da produção contemporânea, trazendo para a instituição aspectos de uma cena que não cessa de se renovar. Uma característica muito marcante é a diversidade que se observa dentre os inscritos, com uma presença grande de artistas racializados, queer e de diferentes gerações, demonstrando as cores que compõem a vitalidade do campo cultural”, declara Renata Bittencourt, Diretora de Educação do IMS.

“A diversidade de projetos que recebemos expressa o vigor e a originalidade da produção brasileira, capaz de surpreender até a própria comissão. Os projetos vencedores refletem a maturidade dessa produção ao usarem as imagens para fortalecer comunidades e investigar as relações sociais e políticas do Brasil contemporâneo”, afirma Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea.

“A Bolsa ZUM/IMS reafirma, a cada ano, seu compromisso com o pensamento contemporâneo acerca das imagens, abarcando projetos multidisciplinares e que provocam a fotografia. Os projetos vencedores atravessam questões caras à história da linguagem, como os álbuns de família, e fornecem atualizações importantes de imagens contemporâneas tendo as colagens como partido político”, reitera Daniele Queiroz, curadora-assistente da área de Fotografia Contemporânea.

“davi de jesus nascimento conjuga memórias de rio, acervos de casa, barragens, cantorias de lavadeiras, imagens de si e dos seus para propor um mergulho nas fotografias analógicas feitas ou reunidas por diferentes gerações de sua família. O conjunto que resulta desse ‘acervo molhado’ de Pirapora extrapola nossa noção habitual de ‘álbum de família’, e revela vivências ribeirinhas arreigadas em solo barrento – retratos, por extensão, de todo um país interior, de toda uma vida vivida à beira, nas margens”, reflete Helio Menezes, Diretor Artístico do Museu Afro Brasil e júri convidado desta edição.

davi de jesus do nascimento vive e trabalha em Pirapora, Minas Gerais. É um artista barranqueiro, criado às margens do rio São Francisco, curso d’água que define sua vida e prática artística. Nascido em uma família de pescadores, lavadeiras e carranqueiros, nutre suas expressões criativas através de experiências, memórias e imaginações conectadas ao seu território, comunidade e família.

Ventura Profana nasceu em Salvador e vive em São Paulo. É pastora missionária, cantora, escritora, compositora e artista visual. Evangelista doutrinada em templos batistas, sua prática é alimentada e está enraizada na pesquisa das manifestações e metodologias cristãs no Brasil e no exterior. ///