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Exposição de Alberto de Sampaio, amador que fotografou o RJ no início do século XX

Publicado em: 15 de setembro de 2015
Demolição do Morro do Castelo, Rio de Janeiro, 1921

Demolição do Morro do Castelo, Rio de Janeiro, 1921. Coleção Família Sampaio.

Desde o século XIX, o Rio de Janeiro é uma das cidades mais fotogênicas e mais fotografadas do mundo. À fundamental obra de pioneiros como Marc Ferrez, Augusto MaltaVincenzo Pastore e Georges Leuzinger, entre outros que documentaram a capital fluminense até as primeiras décadas do século XX, somam-se, sendo ocasionalmente descobertos, importantes registros de amadores, empenhados em documentar as transformações urbanas, os eventos e costumes citadinos e o dia a dia familiar.

É o caso do conjunto de imagens inédito que integra a exposição Lentes da Memória: A Descoberta da Fotografia de Alberto de Sampaio, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake a partir de 17 de setembro. Carioca e advogado de ofício, Augusto Sampaio (1870-1931) começou a fotografar sua cidade em fins do século XIX, e o fez por mais de quarenta anos. A mostra traz cerca de 120 fotografias, do cotidiano de Sampaio e de sua família a registros como a inauguração da avenida Central (hoje avenida Rio Branco), em 1905; a inauguração do Palácio Monroe na Cinelândia (demolido), em 1906; o eclipse ocorrido em 1907 e fotografado a partir do Observatório do Morro do Castelo, e a subsequente demolição deste morro; as praias da zona sul carioca, praticamente desertas. Além disso, são exibidos objetos pessoais, materiais de laboratório fotográfico usados por ele e projeções de filmes captados em 16 mm da praia do Flamengo com banhistas e da chegada do primeiro zepelim ao Rio, o Graf, em 1930.

A exposição foi concebida pela pesquisadora de fotografia Adriana Maria Martins Pereira, que encontrou o acervo por um acaso na sede da Sociedade Petropolitana de Fotografia (Sopef), na cidade de Petrópolis, região serrana do estado do Rio, e começou a organizá-lo com dedicação – tarefa que lhe rendeu um mestrado e um doutorado sobre o tema. Durante as pesquisas, descobriu que o acervo ficou guardado na casa do próprio Alberto de Sampaio por cerca de um século e depois foi em parte doado por seus descendentes, junto com os materiais de seu laboratório que se encontrava intacto, à Sopef, e por lá ficou por cerca de 30 anos.

“Sua fotografia é o retrato de uma época e das possibilidades que surgiam; imagens que nos revelam também subjetivas intimidades. Conduzidos pelas fotografias, entramos na casa do amador, abrimos as janelas e vemos a luz por entre as pequenas frestas, numa materialidade convertida em objeto”, diz a curadora.

 

Lentes da Memória: A Descoberta da Fotografia de Alberto de Sampaio
Inauguração: 17 de setembro, às 20h
Até 01 de novembro de 2015 – terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake
av. Faria Lima, 201 (entrada pela rua Coropés, 88) – Pinheiros, São Paulo
tel. (11) 2245 1900

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