William Eggleston – a cor americana

Mestre da fotografia colorida, William Eggleston abre exposição no IMS em março

Publicado em: 4 de fevereiro de 2015
Memphis, 1971 // do livro Guia de William Eggleston, 1976

Memphis, 1971 // do livro Guia de William Eggleston, 1976

Da série Los Alamos, 1965-1968 e 1972-1974

Da série Los Alamos, 1965-1968 e 1972-1974

A partir de 15 de março, o Instituto Moreira Salles apresenta no Rio de Janeiro William Eggleston, a cor americana, primeira grande exposição individual na América do Sul dedicada ao fotógrafo norte-americano William Eggleston (Memphis, 1939). O fotógrafo vem ao Brasil para a abertura da exposição, no dia 14 de março, às 17h.

A mostra apresentará cerca de 170 fotografias originais, pertencentes a coleções importantes como a do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), do Fine Arts Museum de Houston (MFAH), do acervo pessoal do artista e da galeria Cheim & Read, entre outras.

Nome fundamental da história da fotografia internacional, William Eggleston ficou conhecido como o precursor da fotografia colorida americana. Suas imagens memoráveis apresentam em cores vibrantes o cotidiano e a paisagem do sul dos Estados Unidos, construindo um inventário da cultura da região nos anos 1960 e 1970.

Ao mirar as lentes para estradas, supermercados, outdoors, lanchonetes, estacionamentos, motéis, plantações e subúrbios, assim como para amigos, familiares e personagens anônimos, Eggleston também registrava as transformações por que passava sua região natal, dividida entre a decadência rural e a ascendência de uma classe média ávida por usufruir dos novos padrões de consumo.

c. 1971-1973 // do portfólio Troubled Waters, 1980

c. 1971-1973 // do portfólio Troubled Waters, 1980

William Eggleston descobriu o sucesso em 1976, quando John Szarkowski, na época influente diretor do departamento de fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova York, organizou uma exposição de suas fotografias coloridas na instituição. Até então, o preto e branco e temas nobres, como a paisagem e o retrato, ainda dominavam a arte fotográfica. A novidade da exposição, que apresentava cenas prosaicas, uma liberdade de composição formal e apostava na sedução da cor – até então mais presente na fotografia amadora e publicitária -, tornou-se assunto de intenso debate entre a comunidade fotográfica, e não passou incólume por duras críticas. Ao longo dos anos, no entanto, a exposição se transformou num marco.

Hoje, as imagens de Eggleston estão entre as mais célebres da história da fotografia do século XX. E o pequeno catálogo da exposição de 1976 (William Eggleston’s Guide) transformou-se em um dos livros fotográficos mais influentes de todos os tempos. A obra de William Eggleston angariou admiradores os mais diversos: da fotógrafa Nan Goldin ao músico David Byrne, do cineasta Wim Wenders ao brasileiro Karim Aïnouz. Filmes como Elefante, de Gus van Sant, foram notoriamente inspirados no universo visual do fotógrafo. Tanto Gus van Sant quanto David Byrne convidaram Eggleston para colaborar em projetos.

William Eggleston, a cor americana traz pela primeira vez ao Brasil o trabalho realizado pelo fotógrafo entre as décadas de 1960 e 1970, considerados seus anos de ouro pela qualidade, variedade e quantidade de sua produção. Um dos núcleos da mostra reunirá boa parte das fotografias presentes na lendária exposição de 1976, no MoMA. Outras séries importantes também serão apresentadas, como o portfólio Los Alamos, resultado de diversas viagens de carro do Mississipi à Califórnia, entre 1965 e 1974.

Sumner, Mississippi, com o riacho Cassidy ao fundo, c. 1969 // do livro Guia de William Eggleston, 1976

Sumner, Mississippi, com o riacho Cassidy ao fundo, c. 1969 // do livro Guia de William Eggleston, 1976

A exposição também trará obras menos conhecidas, mas não menos importantes, do período. É o caso do formidável conjunto de retratos feito com uma câmera de grande formato em 1974 e conhecido como 5×7, em referência ao tamanho das chapas usadas. Entre as fotos apresentadas estarão mais de 150 raras e delicadas cópias feitas em dye-transfer, uma técnica de impressão fotográfica quase extinta, que se tornou marca registrada do artista por permitir um controle preciso das cores e intensa saturação. Estará também um conjunto de cinco fotografias em preto e branco, feitas antes que Eggleston abraçasse definitivamente a cor. O filme experimental Stranded in Canton, rodado em preto e branco entre 1973 e 1974, com registros de familiares e de noitadas com amigos nos bares de Nova Orleans — com clara influência do cinema direto americano – será exibido em uma das salas da casa da Gávea

William Eggleston, a cor americana tem curadoria de Thyago Nogueira, editor da revista ZUM e coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual é da artista gráfica Luciana Facchini. Junto com a exposição será lançado um livro-catálogo com fotografias e textos inéditos do músico David Byrne, do escritor Geoff Dyer, do crítico de arte Richard Woodward e do curador Thyago Nogueira, além da primeira tradução para o português do texto seminal de John Szarkowski, publicado no catálogo William Eggleston´s Guide (1976).

Sobre o fotógrafo

William Eggleston nasceu em 1939 em Memphis, Tennessee. O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) apresentou em 1976 a exposição Fotografias. Em 1998, Eggleston ganhou o prestigioso prêmio Hasselblad, e, em 2004, o Infinity Awards, do International Center of Photography. Sua obra foi objeto de inúmeros livros, entre eles William Eggleston´s Guide (1976), Chromes (2001) e Los Alamos (2003). Em 2008, o Whitney Museum of American Art fez uma das maiores retrospectivas de sua obra. Em 2002, a Documenta de Kassel apresentou uma seleção de suas fotografias. O Eggleston´s Artistic Trust, que preserva e divulga o trabalho do fotógrafo, foi fundado em 1992, em Memphis, onde o artista vive e trabalha.

c. 1971-1973 // do portfólio Troubled Waters, 1980

c. 1971-1973 // do portfólio Troubled Waters, 1980

 

William Eggleston, a cor americana

Curadoria de Thyago Nogueira

 

Abertura: 14 de março, às 17h, com a presença do artista
De 15 de março a 28 de junho
De terça a domingo, das 11h às 20h

Entrada franca – Classificação livre

 

Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500

 

 

Informações para a imprensa IMS:

Bárbara Giacomet de Aguiar – (11) 3371-4490
[email protected]

Andressa Lelli – (11) 3371-4424
[email protected]

Da série Los Alamos, 1965-1968 e 1972-1974

Da série Los Alamos, 1965-1968 e 1972-1974

 

IMAGENS © Eggleston Artistic Trust. Cortesia Cheim & Read, Nova York.

 

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