Cineasta, roteirista e fotógrafo, Jorge Bodanzky, que dirigiu o clássico Iracema, uma transa amazônica, estreia coluna bimestral de vídeo no site da ZUM. Bodanzky, que ganha em junho de 2016 exposição retrospectiva no MIS-SP, teve seu acervo de fotos e super-8 adquirido pelo Instituto Moreira Salles.

Neste primeiro vídeo, o cineasta entrevista o fotógrafo alemão Michael Wesely sobre a série Potsdamer Platz, publicada na ZUM #10. Destruída após a Segunda Guerra Mundial, a praça em Berlim foi seccionada pelo Muro durante a Guerra Fria. Michael Wesely fala da importância urbanística e social do local, cuja reconstrução após a queda do Muro ele registrou com exposições que chegam a durar anos, e revela detalhes desse processo.

“Essas imagens tratam basicamente do renascimento de um lugar, de uma urbanidade que estava ausente havia muito tempo”, diz Wesely. “E falam também sobre mudanças geopolíticas, sobre o colapso do Muro, o colapso do ideário comunista na Europa, sobre a divisão que assolou Berlim… E sobre uma espécie de processo de cura que não é exclusivo da arquitetura, mas que se manifesta na arquitetura: as pessoas se reuniram, a cidade se reuniu.”///

 

Jorge Bodanzky nasceu em São Paulo, em 1942, e formou-se em cinema pela Escola de Design de Ulm, na Alemanha. Iniciou sua carreira como fotógrafo incentivado por Amélia Toledo e Athos Bulcão, professores na Universidade de Brasília. Com o fechamento da UnB em 1965, foi trabalhar na revista Manchete e no Jornal da Tarde, em São Paulo. Em 1968, de volta ao Brasil após os estudos em Ulm, foi freelancer das revistas Iris e Realidade. Estreou como diretor de cinema com o filme Iracema, uma transa amazônica (1974), após ter fotografado dez filmes de longa-metragem entre 1968 e 1974. A repercussão internacional do filme, proibido no Brasil até 1980, inclinaria a balança em direção à carreira de cineasta, num movimento pendular que só retornaria para a fotografia depois dos anos 2000. Após Iracema, realizou novo filme em codireção com Orlando Senna, Gitirana (1975), e novos longa-metragens, como os mais recentes No meio do rio, entre as árvores (2010), Pandemonium (2010), Transanarquia (2011) e Sociologia da crise (2011).

Michael Wesely nasceu em Munique, em 1963. Estudou fotografia na Bayerische Staatslehranstalt für Photographie e graduou-se na Munich Academy of Fine Arts. Participou de diversas exposições internacionais, entre elas a 25ª Bienal de São Paulo. Pioneiro em fotografias de longa exposição, além da Potsdamer Platz, sua série mais célebre, fotografou também a ampliação do MoMA em Nova York, imagens que agora fazem parte da coleção permanente do museu. Publicou Arquivo Brasília (Cosac Naify, 2010), em parceria com Lina Kim, e Time Works (Schirmer/ Mosel, 2010). O fotógrafo está realizando o projeto Câmera Aberta, em que fotografa a construção da nova sede do Instituto Moreira Salles na avenida Paulista.

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