Recomendações ZUM: Sophie Calle, Masahisa Fukase, Annie Ernaux, Boris Mikhailov e mais
Publicado em: 20 de março de 2025O site Literary Hub publicou um ensaio sobre The Sleepers (Os Adormecidos), projeto da artista francesa Sophie Calle realizado em 1979 e agora lançado como livro de artista. Neste projeto, Calle convida uma série de pessoas para dormir em sua cama enquanto ela fotografa a experiência e propõe algumas questões aos convidados. “Enquanto o texto do livro tem um viés quase de relatório sociológico, as fotografias contam uma história íntima. Elas capturam os lençóis amarrotados e as posições contorcidas do sono.”
Em entrevista à fotógrafa e escritora Alice Zoo para sua newsletter Interpoler, o curador e pesquisador David Campany discute os perigos de artistas se conformarem com as demandas do mercado por trabalhos facilmente digeríveis, o que pode levar à perda da individualidade e da verdadeira autoria. “Acho que meu horror em ter que ouvir conselhos superprofissionalizados de pessoas da ‘indústria’ está relacionado à maneira como ‘criativo’ se tornou um substantivo. Como se houvesse pessoas que pudéssemos chamar de ‘criativas’”, comenta Campany.
O jornal The Japan Times entrevistou o diretor Mark Gill sobre o seu filme Ravens (Corvos), a cinebiografia do fotógrafo japonês Masahisa Fukase, que estreia neste final de março (ainda no Japão). Fukase é reconhecido mundialmente por suas fotos em preto e branco da cena psicodélica de Shinjuku dos anos 1960, retratos amorosos e obsessivos de sua ex-esposa, Yoko Wanibe, e fotos emocionantes dos corvos em sua cidade natal, Hokkaido.

O Los Angeles Review of Books analisa as traduções em inglês dos livros The Use of Photography (O uso da fotografia), de Annie Ernaux e Marc Marie, e Suzanne and Louise (Suzana e Louise), de Hervé Guibert. O texto avalia como essas obras conectam a fotografia a temas como o amor, a mortalidade e a memória. Ernaux e Marie fotografam resquícios de seus momentos íntimos, refletindo sobre a impermanência da vida; enquanto Guibert documenta a vida de suas tias, misturando momentos encenados e espontâneos.

O site The New York Review of Books publicou um ensaio sobre o fotógrafo ucraniano Boris Mikhailov e a exposição retrospectiva Refracted Times (Tempos refratados), em cartaz na Galeria Marian Goodman de Nova York. Ainda em atividade aos 86 anos, Mikhailov tem dedicado sua carreira a revelar o que acontece no cotidiano de seu país natal nas últimas décadas. “Ele não se autodenominava artista — ganhava a vida como fotógrafo técnico — mas em 1971 ele e outros sete fotógrafos com ideias semelhantes estabeleceram um coletivo underground chamado Vremya (Tempo), que mais tarde evoluiu para a Escola de Kharkiv.”

A revista digital Dazed resenha The Classroom (A sala de aula), fotolivro do artista visual marroquino Hicham Benohoud. Misturando fotografia, performance e imagens encenadas, Benohoud revisita o mundo da sala de aula criando um discurso visual sobre políticas de identidade e a intersecção da pedagogia e do corpo. “A sociedade marroquina impôs uma identidade a mim que não se alinhava com minha própria visão de mim mesmo. No meu trabalho, uso metáforas — como o envolvimento de corpos em tecido ou papel — para simbolizar a imobilidade e a sufocação que vêm com essa identidade imposta.”

O site do Asia-Pacific Journal publicou a tradução para o inglês de um ensaio escrito em 1972 pelo fotógrafo e crítico japonês Takuma Nakahira (1938-2015). The Illusion Called the Documentary: From the Document to the Monument (A ilusão chamada documentário: do documento ao monumento) ilumina uma mudança crucial na compreensão de Nakahira sobre as limitações profundas — bem como o potencial radical — da fotografia. Neste ensaio, Nakahira sugere a necessidade de uma compreensão crítica de como as imagens moldam nossas percepções e a necessidade de desafiar a ilusão de que elas representam a verdade. ///