Recomendações ZUM: Inteligência Artificial e fotografia, Cartier-Bresson, Ming Smith e mais
Publicado em: 1 de março de 2023Em 1975, o renomado fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson recebeu um convite para viajar aos Estados Unidos para o que viria ser um de seus últimos projetos fotográficos. Escolha qualquer assunto, em qualquer lugar, disseram-lhe. Sua escolha? Nova Jersey. Nova Jersey? Ele parecia encantado com sua própria provocação. “Por que Nova Jersey?” ele disse. “Porque as pessoas fazem uma cara tão engraçada quando você menciona Nova Jersey.” Cartier-Bresson deixou as únicas impressões dessas fotos, mais de cem no total, para Jaune Evans e Peter Cunningham, casal que o assessorou na empreitada. Agora, quase 50 anos depois, as fotografias foram mostradas em matéria do jornal The New York Times.
Quando uma foto não é uma foto? Em artigo publicado no site da revista Vanity Fair, o escritor e curador Fred Ritchin discute o espectro fantasmagórico das fotografias artificialmente geradas por sistemas de Inteligência Artificial. “Passamos de uma era em que ‘a câmera nunca mente’ para uma em que imagens foto realistas podem ser criadas sem o uso de uma câmera. Será necessário um esforço conjunto do público, empresas e governos, bem como de jornalistas, educadores e tecnólogos, para entender as implicações dessa profunda mudança nas imagens, para trabalhar rapidamente a fim de limitar seu potencial destrutivo e tentar restaurar o registro visual.”
Com a popularidade em alta na sua conta do Instagram, criada no final do ano passado e dedicada a retratos, Joe Avery recentemente admitiu que seu trabalho é totalmente gerado por IA. “Parece ‘certo’ assumir que se trata de arte gerada por IA – mais honesto, talvez. No entanto, as pessoas que usam maquiagem em fotos revelam isso? E a cirurgia estética? Toda fotografia de moda comercial tem uma forte dose de Photoshop, incluindo a substituição do corpo de celebridades nas capas de revistas”, defendeu-se Avery. Do site My Modern Met.
A Getty Images entrou com uma ação contra a empresa de inteligência artificial Stability AI Inc., acusando-a de “infração descarada” ao usar mais de 12 milhões de fotografias da coleção da empresa de imagens para treinar seu gerador de imagens de inteligência artificial Stable Diffusion. Na reclamação, a Getty alega que a Stability copiou as fotografias, legendas e metadados da empresa “como parte de seus esforços para construir um negócio concorrente”.
A revista Blind resenha a exposição Projetos: Ming Smith, em cartaz no Museu de Arte Moderna de Nova York até o final de maio. “Ver uma fotografia de Ming Smith significa seguir a luz. Luz ao nadar sobre os dançarinos de Alvin Ailey, luz ao iluminar uma garçonete em uma lanchonete, luz ao realçar uma família na rua do Harlem. De fato, é isso que a própria Smith faz quando cria uma imagem.”
A revista eletrônica espanhola LUR entrevistou o artista Miguel Ángel Tornero, que usa a fotografia e a colagem para ampliar os limites de ambas as disciplinas. “O conceito e o uso da colagem são muito importantes na minha prática artística, não só como técnica, mas como forma de estar no mundo; um lugar onde a contradição tem lugar e onde convivem elementos e emoções de origens díspares, condenados a compreender-se, da mesma forma que temos de compreender este ‘palimpsesto’ em que vivemos.”
A revista Musée comenta duas exposições atualmente em cartaz no Centro Internacional de Fotografia (ICP – NY): Face to Face: Portraits of Artists by Tacita Dean, Brigitte Lacombe e Caterine Opie e Between Friends: From the ICP Collection. “O retrato em Face to Face captura intensamente os detalhes de seus assuntos: cada ruga na pele, brilho nos olhos ou essência de uma cena é imortalizada. As diferenças estilísticas são visíveis entre os três fotógrafos apresentados, mas a proximidade da arte do retrato permanece consistente. Diferentemente, Between Friends exibe uma intimidade em que o espectador parece estar se intrometendo no mundo que foi criado.” ///