Em sua sétima edição, o projeto espanhol Mujeres Mirando Mujeres (Mulheres olhando mulheres) destaca o trabalho de 16 artistas que utilizam a fotografia como ferramenta de criação. Totalmente criado, produzido e tocado por mulheres, o MMM reúne entrevistas, ensaios visuais e textos sobre um conjunto de obras escolhidos por meio de convocatória. Nesta edição, destaque para nomes como Romina Rivero, Majida Khattari, Teresa Margolles e a série Construção da identidade feminina nas redes sociais, criado pela artista Norma Esparza Cervantes e que foi desenvolvido por um grupo de artistas que trocaram por e-mail pedaços de imagens numa dinâmica parecida com o jogo surrealista “cadáver exquisito”.

 

 

Em agosto do ano passado, a famosa cooperativa fotográfica internacional Magnum foi criticada por licenciar fotografias de menores vítimas de exploração sexual. No centro da polêmica estava uma série de mais de 30 anos do fotógrafo David Alan Harvey documentando jovens trabalhadoras do sexo em Bangcoc, que incluiu várias imagens de garotas nuas cujos rostos não foram ocultados. “Prostituta”, “Seio”, “Roupa íntima” e “Adolescente de 13 a 18 anos” foram algumas das palavras-chave escolhidas para as imagens. Até recentemente, se você fizesse uma busca por essas tags apareceriam dezenas de imagens documentais como a de Harvey, disponíveis para licenciamento por uma pequena taxa. Indo além da já problemática estruturação do banco de dados das imagens no site da Magnum, o caso acabou por trazer a público denúncias de assédio contra o fotógrafo David Alan Harvey por parte de assistentes e fotógrafas que trabalham com ele. Artigo publicado no site da revista ArtNet conta essa história e chama a atenção para a necessidade de políticas e procedimentos claros contra assédios dentro da Magnum e outras agências fotográficas.

 

 

A revista eletrônica espanhola de fotografia LUR publicou um artigo do pesquisador Sebastián Valenzuela-Valdivia sobre trabalhos do artista brasileiro Hudinilson Jr. e do chileno Carlos Leppe em que a fotocopiadora Xerox foi usada como meio de registro técnico do próprio corpo. “Poderíamos considerar a fotocopiadora como uma técnica que tentava ir contra essa desmaterialização, fixando o corpo em frente ao vidro, que capturava grãos, poros e cabelos da artista. O caráter efêmero do movimento corporal é interrompido no tempo por meio de um papel, que permite a obtenção e manipulação do referido corpo, podendo inclusive ser transferido, enviado e recebido (como pode acontecer na arte postal).”

 

 

Faleceu no final de fevereiro, aos 96 anos, a historiadora da fotografia e curadora norte-americana Naomi Rosemblum. Obituário publicado pelo jornal The New York Times destaca seus trabalhos pioneiros, que deram uma fundamentação acadêmica para o campo da fotografia e “ajudaram a desenvolver o apreço por ela como uma forma de arte criativa”. Rosemblum também foi responsável pela curadoria de importantes exposições, como a dedicado ao trabalho de Paul Strande e a primeira grande mostra de fotógrafas mulheres nos Estados Unidos.

 

Em entrevista ao site do British Journal of Photography, Claire Rothstein, fotógrafa de moda e editora da revista Girls Girls Girls, comenta como sua estética de sexo e glamour se encaixa na conversa mais ampla em torno da representação feminina dos dias de hoje.”O empoderamento feminino é sempre a chave. Mas as mulheres têm o direito de escolher como querem se sentir empoderadas – incluindo vestir-se bem e ser sexy.”

 

O site do Suplemento Pernambuco publicou uma resenha a respeito da recém-lançada fotobiografia do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. Com coordenação geral da pesquisadora Valéria Lamego e organização de Eucanaã Ferraz, o livro A fotobiografia de João Cabral de Melo Neto (Verso Brasil) coleciona registros em uma montagem cronológica, desde o Engenho do Poço, em 1920, em Recife, até sua morte no Rio de Janeiro, em 1999.

 

Centenas de fotos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) feitas por Antoni Campañà (1906-1989) e encontradas por seu neto em 2018 estão agora em exposição na Espanha. A história segue a linha de imagens do conflito por Agustí Centelles e Robert Capa e que foram descobertas muitos anos depois. As fotografias de Campañà não mostram a frente de batalha e nem momentos épicos, mas sim a vida que tentava seguir sua normalidade na cidade de Barcelona. A edição espanhola do jornal El País conta a história das fotos encontradas e apresenta uma galeria de fotos de Campañà.

 

Acontece na semana que vem, entre os dias 24 e 28 de março, a Imaginária – Festa do Fotolivro, primeiro festival no Brasil dedicado exclusivamente aos livros de fotografia. Organizado pela Lovely House, casa de livros e editora de São Paulo, o evento totalmente on-line contará com uma feira de publicações brasileiras (de editoras independentes e autopublicadas); uma maratona de edição de imagens para fotolivros com a participação do grupo Lombada; um ciclo de conversas entre editores, publicadores e pensadores trazendo reflexões sobre a publicação impressa; e a entrega do Prêmio Lovely 2021, um concurso de “bonecos” de fotolivros e fotozines. Confira a programação completa no site do festival Imaginária. ///

 

 

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