Recomendações ZUM: Ming Smith, Claudia Andujar, Teju Cole, Aílton Krenak, Pete Souza e mais
Publicado em: 25 de setembro de 2020A revista The New Yorker publicou um perfil da fotógrafa afro-americana Ming Smith, a primeira mulher negra a ter uma fotografia no acervo permanente do MoMA, em 1975. O texto da revista, escrito pela novelista Yxta Maya Murray, é um trecho do ensaio mais amplo que faz parte do livro Ming Smith: An Aperture Monograph, com lançamento previsto para novembro. Murray ressalta que a notável obra de Smith “é canônico por sua riqueza de ideias e por contribuir para a preservação da vida de mulheres negras durante uma época, não diferente de hoje, em que isso não era valorizado”.
Na revista do jornal The New York Times, o escritor e curador Teju Cole escreve sobre sua paixão por Caravaggio e como isso o levou a viajar pelo sul da Itália no verão de 2016, revisitando os lugares e algumas obras do pintor italiano em Nápoles, Palermo e outras localidades. Durante a viagem, Cole fotografa a região e traça analogias entre a pintura de Caravaggio e os tempos sombrios de hoje, com a chegada maciça de refugiados africanos à Europa. “Os locais de exílio de Caravaggio haviam se tornado pontos críticos na crise dos refugiados, o que não foi inteiramente uma coincidência: ele foi até eles porque eram portos. Um porto é onde um determinado território é mais propício a chegadas e a fugas, onde um estranho tem a chance de se sentir menos estranho”.
Em entrevista ao site Vox, Pete Souza, que foi o fotógrafo oficial dos ex-presidentes norte-americanos Ronald Reagan e Barack Obama, fala sobre as fotos “reality show” do atual governo Trump e dos desafios inerentes ao trabalho de registrar para a história um mandato presidencial.
A história da fotógrafa Claudia Andujar e sua luta em prol do povo Yanomami é contada no filme Gyuri, da cineasta Mariana Lacerda. Parte da programação online da 25ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos no filme por meio de diálogos de Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart. O festival vai até o dia 4 de outubro. Confira a programação completa no site do É Tudo Verdade.
A exposição virtual Siwẽttêt: resistência, do fotógrafo Edgar Kanaykõ Xakriabá, é parte da programação do 52º Festival de Inverno da UFMG: Mundos Possíveis — Culturas em Pensamento. O site do festival também traz um vídeo em que Edgar comenta seu trabalho.
Por conta dos incêndios florestais na Califórnia (EUA), em alguns dias o céu sobre grandes cidades da região, como São Francisco e Los Angeles, ficou alaranjado, lembrando filmes apocalípticos como Blade Runner 2049 e Duna. No entanto, em algumas fotos feitas com celular o alaranjado parecia mais cinza que a realidade. Matéria publicada pelo jornal The Atlantic explica o porquê: “Ninguém esperava que o céu do meio-dia ficasse laranja, e mesmo equipamentos supostamente sofisticados lutam para entender isso. Talvez o apocalipse atual no Ocidente diminua e as câmeras voltem ao ‘normal’ novamente. Mas talvez não, e o equipamento que as pessoas usam para dar conta de seu mundo precisará de ajustes ou substituição. Parece que tudo está desmoronando, até mesmo o sensor e o software que opera sua câmera”.
Em artigo sobre o resultado do prêmio Deutsche Börse de 2020 [leia mais no site da revista ZUM], dado ao franco-argelino Mohamed Bourouissa e divulgado na semana passada, o curador inglês Tim Clark defende que a premiação precisa passar por um processo de decolonização. Segundo Clark, apesar de ter sido dado a um artista de origem africana este ano, ainda restam perguntas importantes a serem respondidas pelos curadores: “A Photographers’ Gallery deveria impor uma cota para garantir a igualdade entre gêneros, sexos e raças? Seja o que for, alguns mecanismos certamente precisam ser introduzidos a fim de combater a discriminação embutida e há muito sustentada do prêmio, dadas as hierarquias e preconceitos que se repetem muito perto de casa”.
No próximo dia 28, o MoMA reúne a artista Rosana Paulino e a curadora Diane Lima no Espaço preto (Black Space), Part One: How to Write a Feminist – History of the Recent Past, uma série de conversas entre artistas e curadores a partir da pergunta “Como as tradições culturais radicais que os negros e índios brasileiros criaram na esteira do colonialismo e do capitalismo racial oferecem um plano para imaginar um futuro de nosso próprio projeto?”. É necessário inscrição prévia.
Entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro acontece a versão online do Festival Cura na Janela, organizado pelo CURA – Circuito Urbano de Arte. Na programação, aulas e conversas com nomes como Aílton Krenak, Preta Rara e Coletivo Trovoa, entre outros. Confira a programação completa no Instagram ou no canal Youtube do festival. ///
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