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90 anos de Claudia Andujar

Publicado em: 12 de junho de 2021

Em comemoração aos 90 anos de Claudia Andujar, o IMS produziu um vídeo com depoimentos de pessoas importantes em sua vida e carreira. Nomes como Dario Kopenawa Yanomami, Maureen Bisilliat, Emicida, Sarah Meister e Ailton Krenak contam pequenas lembranças sobre a artista. O vídeo marca também a abertura da exposição Claudia Andujar: a luta Yanomami no dia 17/06 no Barbican Centre, em Londres, onde fica em cartaz até 29/8. Com curadoria de Thyago Nogueira, a exposição, que já passou por Paris, Milão e Barcelona, segue ainda para a cidade de Winterthur, na Suíça.

 

 

Autorretrato, foto de Claudia Andujar, Catrimani, RR, 1974

Claudia Andujar e sua relação com os Yanomami e a floresta

Em texto escrito em 1975, Claudia Andujar conta um pouco da sua convivência com os povos indígenas, em caçadas e caminhadas na floresta amazônica. Publicado originalmente no catálogo da exposição A luta Yanomami, foi disponibilizado na íntegra no site da ZUM. “Havia três ou quatro índios olhando com curiosidade minha parafernália. Ia embora. Falei pouco, estava emocionada. Lá, estava em casa. Me sentia bem, era como se sempre tivesse estado lá, integrada. Esse pequeno mundo na imensidão do mato amazônico era meu lugar e sempre será.”

 

 

O xamã Naro Paxokasi thëri inala o alucinógeno yãkoana, Catrimani, RR, 1972-1976

Claudia Andujar e a tradução xamânica

O antropólogo Pedro Cesarino analisa os registros dos rituais xamânicos dos Yanomami feitos pela fotógrafa: “O que realmente surpreende em tais imagens é que Andujar tenha sido capaz de atravessar as cenas prosaicas do mundo cotidiano para produzir a partir delas (e não a despeito delas) uma espécie de tradução visual de um mundo outro e, sobretudo, da capacidade que os Yanomami possuem de estabelecer vínculos entre este mundo outro e sua referência cotidiana”.

 

 

a sônia

Por volta de 1971, Claudia Andujar registrou, diante de um fundo infinito, a modelo baiana Sônia, que tentava a sorte em São Paulo. O ensaio durou três horas e consumiu dez rolos de filme, mas a fotógrafa não gostou do material e, pouco tempo depois, decidiu refotografar as imagens, sobrepondo-as e usando filtros. Publicada em junho daquele ano na Revista de Fotografia, a série é uma espécie de radiografia do corpo feminino. A pedido do site da ZUM, a poeta Angélica Freitas leu estas imagens e escreveu a série de poemas a sônia.

 

Frame do vídeo A Realidade de Claudia Andujar, de Jorge Bodanzky, 2015.

Claudia Andujar e a revista Realidade

Em 2015, a ZUM convidou o cineasta Jorge Bodanzky para produzir um mini-documentário sobre a atuação de Claudia Andujar na revista Realidade, entre 1966 e 1971. O filme traz depoimentos dos fotógrafos Maureen Bisilliat e Cristiano Mascaro, dos antigos editores da revista, Raimundo Pereira e José Hamilton Ribeiro, e do repórter Audálio Dantas. Em suas falas, relembram a participação de Claudia e destacam a originalidade da revista.

 

ZUM #2 |Ensaio da Rua Direita

A obra de Claudia também já esteve presente em várias edições da ZUM impressa. Em seu segundo número, lançado em 2012, a revista publicou um ensaio pouco conhecido, no qual a artista registra a Rua Direita, no centro de São Paulo, na década de 1970. Com a câmera quase encostada no chão, Claudia agiganta as pessoas e encolhe os edifícios, valorizando os transeuntes ao mesmo tempo que transforma a si mesma – e ao espectador – em assunto da imagem. ///

 

 

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