“Claudia Andujar, no lugar do outro”: veja imagens da exposição
Publicado em: 10 de agosto de 2015A exposição CLAUDIA ANDUJAR, NO LUGAR DO OUTRO é fruto de dois anos de pesquisa do curador Thyago Nogueira no arquivo da fotógrafa. É também a primeira grande mostra dedicada à produção que antecede o envolvimento de Claudia com os índios Yanomami, trabalho que começou a desenvolver nos anos 1970 e que a tornou conhecida mundialmente. Dividida em quatro grandes núcleos, apresenta as diferentes perspectivas com que Claudia explorou a fotografia no Brasil, após sua chegada da Hungria em 1955: a relação com a natureza, a imersão antropológica, as experimentações gráficas e o trabalho no fotojornalismo. Oferecemos aqui uma seleção das imagens que estão em exibição no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro até 15 de novembro.
Famílias brasileiras (1962-64)
Interessada em entender quem eram e como viviam os brasileiros, Claudia resolveu acompanhar o cotidiano de quatro famílias de contextos distintos: uma família dona de uma próspera fazenda de cacau na Bahia; uma família que morava em um bairro da classe média paulistana; uma família de pescadores caiçaras que vivia em Picinguaba, Ubatuba, no litoral norte de São Paulo; e uma família mineira, tradicional e religiosa. A fotógrafa não estava interessada em construir uma visão idealizada do brasileiro, mas em olhar, com um viés antropológico, para a experiência concreta e prosaica.
Histórias reais (1967-71)
Este núcleo reúne parte central da produção de Claudia, formada por reportagens e ensaios realizados para a revista Realidade, para a qual trabalhou como freelancer de 1966 a 1971. A ousadia editorial da revista, mesmo em plena ditadura militar, permitiu que ela mergulhasse em temas espinhosos, controversos ou pouco discutidos na imprensa, como as polêmicas cirurgias espirituais realizadas pelo médium Zé Arigó, em Congonhas do Campo (MG), a atividade de uma parteira na pequena Bento Gonçalves (RS), o cotidiano de homens homossexuais em São Paulo e no Rio e o trem que viajava entre São Paulo e Salvador levando migrantes de outros estados que não haviam conseguido ganhar a vida na capital paulista.
Na sequência de reportagens vê-se que, aos poucos, o preto e branco dramático dá lugar à experimentação cromática que marcou o período, cores que Andujar usou para ilustrar uma matéria sobre drogas, outra sobre os avanços da ciência no campo psíquico, uma sessão de uma técnica de tratamento psiquiátrico chamado psicodrama e o isolamento e o abandono em que viviam os pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juqueri (SP).
A cidade e seus habitantes (c. 1970-76)
No começo dos anos 1970, Claudia produziu em São Paulo quatro trabalhos que têm como foco a cidade e seus habitantes. O período foi marcado por intensa experimentação visual e uma grande produção artística.
Munida de filme infravermelho ou sobrepondo imagens, registrou São Paulo e sintetizou a densidade urbana no aglutinado de edifícios que parece cenário de um filme de ficção científica.
Diante de um fundo infinito, registrou a modelo baiana Sônia, que tentava a sorte na cidade. O ensaio durou três horas e consumiu dez rolos de filme, mas a fotógrafa não gostou do material e, pouco tempo depois, decidiu refotografar as imagens, sobrepondo-as e usando filtros, numa espécie de radiografia do corpo feminino.
As fotos da Rua Direita foram realizadas numa das regiões mais movimentadas do centro de São Paulo. Com a câmera quase encostada no chão, Claudia agiganta as pessoas e encolhe os edifícios, valorizando os transeuntes ao mesmo tempo que transforma a si mesma – e ao espectador – em assunto da imagem.
Natureza (c. 1970-72)
A maior parte destas fotografias da região amazônica foi feita ao longo do lavrado ao longo do lavrado roraimense e do rio Jari, na divisa do Pará com o Amapá. O primeiro contato de Claudia com o local ocorreu quando trabalhava para o número especial da Realidade dedicado à Amazônia, publicado em outubro de 1971, época em que o interesse pela área era crescente, com a abertura de estradas, a instalação de fazendas de gado e o assentamento de trabalhadores de outros estados incentivados pelo governo militar. A fotógrafa registra a paisagem com o uso de filtros, filmes infravermelhos e subexposição, resultando em uma visão que transcende o registro e oscila entre o sonho e a epifania.
Claudia Andujar, no lugar do outro
Curadoria de Thyago Nogueira
De 25 de julho a 15 de novembro de 2015
De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500
Informações para a imprensa IMS:
Bárbara Giacomet de Aguiar – (11) 3371-4490
[email protected]
Claudia Andujar, no lugar do outro
Catálogo da exposição
Organização de Thyago Nogueira
Formato: 21 x 26 x 2cm
Número de páginas: 268
ISBN: 978-85-8346-025-1
Preço: R$ 129,90
Compre aqui
Leia trecho da entrevista publicada no catálogo