Caminhar e carnear
Publicado em: 14 de agosto de 2025Existe uma ideia que ronda a filosofia, a psicologia, e quem sabe a fotografia, de que quanto mais você evita um assunto, mais ele insiste em aparecer. Foi o que aconteceu com Lorenzo Beust (28 anos), fotógrafo gaúcho nascido em São Gabriel, cidade no sudoeste do estado, próximo da fronteira com o Uruguai e a Argentina. Seu município de origem parece concentrar uma quantidade considerável de estereótipos sobre o estado mais ao sul do país: homens e mulheres de bombacha montados sobre cavalos; a carne como centro de tudo; o rodeio como entretenimento e modo de viver. Ao começar a fotografar, no início de sua graduação em audiovisual, ele disse para si mesmo: não vou falar sobre este lugar.
Se a recusa é também um modo de começar, então pode-se dizer que ele seguiu firme no próprio pensamento. Só que a paisagem que nasce com a gente permanece, e não ouvi-la pode ser um tanto perturbador. Ao sair de SG, como chama carinhosamente, ainda adolescente para cursar o ensino médio em Porto Alegre, sentiu que momentaneamente precisava abandonar também um pouco das próprias imagens do interior. Menos por vontade própria, mais por uma colisão de mundos. Quando contava suas histórias de menino testemunhadas na sua terra, não era raro ouvir: você só pode estar mentindo.
O que aos olhos dos outros sempre foi de ordem surreal, para ele, tornou-se um universo fértil para se mergulhar. O interesse por fotografar começou cedo, aos 18 anos, mas sua determinação em registrar profundamente São Gabriel veio depois, quando decidiu investigar o cotidiano da própria cidade. Com os anos, nasceu a prática que até hoje constitui seu trabalho enquanto artista: caminhar e carnear.
Quando voltou a morar na cidade, em meio ao isolamento social da pandemia, começou a estabelecer uma relação de maior intimidade com as ruas de SG. Ou, como ele diz, “cotidianizou”, em uma certa obsessão-adoração pelas cores, contrastes, formas, luzes e, talvez principalmente, pelos limites que encontrava. Onde começa e onde termina São Gabriel? Quais as fronteiras de uma cidade fronteiriça? A câmera deu sentido e corpo às caminhadas de Lorenzo. “A minha fotografia é um grande mapeamento compulsivo de todos os eventos de uma cidade pequena. O muro do cemitério caiu? Eu vou lá ver”, conta o artista.


A pesquisa visual que faz é como o ato de carnear. Seu olhar em campo tem uma qualidade do escrutínio, de quem disseca. Pude testemunhar isso ao andar ao seu lado, no frio de 5 graus de uma manhã de junho. Há um modo de registrar que, certamente, opera de modo classificatório, que se deleita no acúmulo de fotografias de gatos, cachorros, cavalos, carros, vacas mecânicas, postes, capacetes e latões. Assim surge a série Mecânica, uma combinação de práticas de um trabalho fotográfico que há sete anos se debruça sobre as curiosas miudezas de um cotidiano interiorano no Rio Grande do Sul.
Primeiro, a pele
Carne em inglês é flesh. Uma coincidência sonora e linguística que podemos evocar no trabalho de Beust, já que é o uso do flash como estética consolidada de suas imagens que o faz aproximar-se dos temas que lhe interessam. Ao andar pelas ruas de São Gabriel, estabelece um tipo de relação específica: olhar o familiar com estranheza; e o estranho como familiar. A série Mecânica surge em processo de contemplação, uma espécie de fusão de corpos, humanos e não-humanos, vivos e não vivos, ambientados em um cenário onde o tradicionalismo estrutura as vidas.
Embora tenha nascido em SG, a família do artista não viveu a tradição dos treinos de laços e de rodeios como muitas outras da cidade, o que é interessante para se refletir sobre as relações entre o próximo e o distante. Como é sempre possível ser estrangeiro, mesmo em nosso próprio lugar. Porém, ver de fora, não implica necessariamente em ser um voyeur. É o que pude perceber ao vê-lo fotografar os treinos de laço e o rodeio, tradições no estado, em que homens e mulheres dedicam-se à técnica, por vezes com fim de lazer ou de competição, de laçar animais, geralmente bovinos, utilizando um laço de couro.
Quando o veem com a câmera, é comum perguntarem a Lorenzo: “Você é fotográfo? Como assim você não vende as fotos?”. A dúvida surge porque nesses lugares é comum a presença de profissionais da fotografia, que registram os laçadores, homens e mulheres pilchados com a indumentária tradicional gaúcha. Ele, então, explica que seu trabalho tem outro fim – artístico, mas logo anota o número de telefone da pessoa para enviar a fotografia mais tarde. A interação diz muito sobre o trabalho que faz. Sua prática não busca dar conta de um único tema, nem mesmo documentar estritamente. Não é um fotógrafo de laço, de cavalo, de laçadores, embora a combinação dos dois esteja cada vez mais presente na sua produção.


Em sua série, todo corpo pode ser entendido como objeto de desejo para a imagem. Seja o corpo-cavalo, o corpo-homem, o corpo-objeto. O olhar que estabelece com a cidade está sempre em busca de suas formas e seus contornos, sejam as sombras ou os contrastes, em uma relação de pesquisa permanente da cidade. Lorenzo diz algumas vezes em voz alta: Olha aquela sombra! Tu viu aquele neon? Absurdo o tom daquele verde! E a luz batendo naquele cavalo? Nossa, aquela textura! E o chapeado daquele carro?
São frases que ele verbaliza durante a entrevista-caminhada, mas que parecem a própria expressão do seu pensamento fotográfico. É pela superfície que ele fotografa, diluindo as fronteiras entre onde começa e onde termina o objeto retratado. Pode parecer simples, mas olhar para a materialidade é, em si, uma prática. Antes de ver o que pode ser, ele olha o que já é. Primeiro a pele, depois o corpo.
Amanhecer em SG
São seis da manhã de um sábado ensolarado em São Gabriel. O frio não afasta as dezenas de famílias que chegam animadas para o torneio de laço na principal arena da cidade. Cavalos de diferentes feições e estilos troteiam pelo lugar e Lorenzo, logo de imediato, os percebe em seus detalhes. O procedimento de Beust parece descortinar e primeiro ler a partir de todos os materiais que envolvem uma mesma cena: cor-azul; tecido-lycra; pelo-branco-escovado; tinta vermelha; olhos caramelados. Mas ainda não clica.
O processo segue em curso. Para fotografar um cavalo sempre há de pedir autorização. Então, é uma sucessão de olhares: olha-se para o bicho, olha-se para o humano que o possui. Pergunta-se: posso fotografar o seu cavalo? A devolutiva costuma ser generosa. É uma espécie de orgulho para o dono ter o seu bicho escolhido. Pergunta, então, qual o nome dele?. Ele anota os nomes próprios, que naquele dia de rodeio alternaram de Brilhosa a Pretinho, para depois conferir título a algumas imagens.
Só então Lorenzo começa seu processo fotográfico de aproximação. Longe da fotografia enquanto documento, os enquadramentos operam por uma lógica da experimentação. Corte, recorte. O corpo fotografa de modo curioso e interessante, rodeando em torno do cavalo. O que fisga sua atenção não é o todo, sempre é a parte, o detalhe do detalhe.
A tinta vermelha que marca a pele do bicho com um X, por exemplo. Ou então, o colar feito de miçangas neon coloridas com o nome da égua: bailarina. Ou o tecido que protege o animal do frio. Os donos observam de longe uma atenção demorada ao cavalo. Que por sua vez, posa com uma significativa cumplicidade. A desconfiança acontece porque, nesse contexto, quem garante que o cavalo não será roubado?
De alguma forma, ele é. Dali em diante, já na mesa de edição do fotógrafo, o bicho não o pertence mais. Lorenzo retoma um certo apreço, conhecido lá na adolescência, de flertar com a capacidade de sonho e delírio que as imagens do interior podem proporcionar. Ao manipulá-las digitalmente, a partir de 2020, começa a deslocar-se para um outro lugar na pesquisa, em que os cavalos também são neon, ou tunados, como o artista costuma chamar. Seus corpos cintilam.
Ao tomá-los como temas presentes da série Mecânica, ele dialoga com um arcabouço de símbolos regionais materializados na figura do animal. Historicamente associado a uma masculinidade gauchesca, o cavalo é símbolo de força, resiliência e virilidade de um povo até os dias de hoje. Basta pensar em uma das fotografias mais vistas durante o período das enchentes no Rio Grande do Sul: o cavalo caramelo sobre o telhado, aguardando resgate. Esse animal, em que se projeta a idealizada síntese de um estado, agora é subvertido pelas imagens de Beust. O trabalho convida a um olhar para o espaço de delírio dentro da ordem, o ponto de fuga dentro da repetição. A perspectiva de Lorenzo volta-se para tudo que escapa e, ainda assim, é parte da tradição. Para quem contempla, talvez possa apreender um gauchismo glitch, ou um tradicional hackeado. Só que os limites são mais borrados. É o tradicional e o glitch ao mesmo tempo, no mesmo corpo.
O interesse do artista está em, justamente, acessar e dialogar com os cânones, em um jogo de cintura com as expectativas. “O que a gente imagina e o que as pessoas imaginam para si é um processo de negociação”, reflete o artista. “Me interesso em como as pessoas performam, como constroem um senso de identidade. Quero complexificar a tradição através da fotografia e não reproduzir.”


A esperada brutalidade da figura gauchesca se desmonta na delicadeza captada por Beust. Como pode o bruto escolher as mais bonitas cores para o buçal de seu cavalo? Como pode o homem agarrar tão suavemente aquele animal que é, no fim, seu cúmplice? Como pode o laçador requebrar-se, como em uma dança, para deter o bicho? Como pode a mão do homem rígido segurar com ternura a pata do animal para fazer o casqueamento? Como pode o capacete da moto ornar tão bem com borboletas coloridas de plástico? Como pode o corpo que laça ficar de quatro, sendo essa uma posição meramente tradicional? São imagens eminentemente fronteiriças de uma paisagem que é, por sua vez, fronteiriça.
Lusco-fusco
É um trabalho imagético que provoca estalos, viradas de chave, uma vez que se localiza justamente na mudança de estados, debruça-se sobre as potências de transformação. Neste ano, Lorenzo Beust integrou a 14ª Bienal do Mercosul, intitulada Estalo, sob curadoria geral de Raphael Fonseca, curadoria adjunta de Tiago Sant’Ana e Yina Jiménez Suriel, e assistência de curadoria de Fernanda Medeiros. A série Mecânica foi apresentada por Medeiros para o restante da equipe durante o processo de pesquisa da Bienal, lembra Raphael. “Minha primeira impressão foi a capacidade dele de criar imagens potentes, o que não é tão simples, seja agora ou a qualquer momento da história”, reflete.
Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ, Raphael destaca que a produção de Lorenzo consegue dialogar com a própria melancolia dos interiores do Brasil, sem recorrer aos binarismos que podem ser disparados por essa imersão. “Tem um olhar pop muito bem-vindo, que é sempre risco, mas que ele faz de maneira muito interessante. Quando mostra, não só uma imagem, mas várias, cria uma narrativa que complexifica nossa própria capacidade de interpretação de uma sequência dessas imagens.”


O fato de Lorenzo alargar o imaginário acionado pelo interior, conferindo espaço à fabulação, proporciona também o apreço de um tempo outro do campo, em que o silêncio, o amanhecer e o anoitecer podem ser sujeitos. “Tem um certo lusco-fusco no trabalho, uma melancolia, realçada por esse jogo entre o ‘fotográfico’ e o ‘digital’, o ‘ficcional’ e o ‘documental’”, pontua Raphael.
O interesse por linguagens que se somam e se atritam à fotografia vem da própria formação. Graduado em cinema pela Unisinos, Lorenzo nunca se interessou pela divisão estrita das linguagens. Nos últimos anos, conta que a natureza escultórica da fotografia é um dos seus campos de maior interesse. Se o seu trabalho é tão corporal, depende de uma relação com os objetos, por que não evidenciar a natureza dimensional das coisas? Tudo pode ser escultórico, em alguma medida, e é essa visão que direciona para cada pedaço de São Gabriel.
O ordinário está diante da luz. No fundo de suas imagens, a voz de um homem narra o rodeio no alto-falante. O cheiro de esterco predomina. A fumaça do churrasco assado no fogo de chão forma uma atmosfera quase cênica. É um entremeado sensorial, cinematográfico, do qual o Lorenzo parte e faz parte.
Adoração ao banal
Um dos marcos de sua trajetória é a sua participação em grupos de estudos de fotografia, o que implicou na participação de diversas pessoas para o amadurecimento da produção. O professor e artista Leo Caobelli foi um desses interlocutores, que acompanhou de perto o trabalho ganhar corpo nos encontros do grupo que conduz ao lado de Vicente Carcuchinski. “O Lorenzo chegou no grupo já com a série de São Gabriel iniciada. Lembro bem do impacto das primeiras imagens e de sua busca por uma ’estética do cotidiano‘, a fotografia da busca nas miudezas, naquilo que passa despercebido para a maioria”, conta Caobelli.
O pesquisador foi uma das primeiras pessoas com quem Lorenzo compartilhou as imagens. Ele percebe uma relação de intimidade construída com a cidade ao longo dos anos, em que o ordinário nunca deixou de ser interessante. “Tenho certeza que ele descobriu como a cidade se parece através das fotografias que fez”, reflete. Leo destaca que as conversas na mesa de edição coletiva, entre trocas de referências e métodos de trabalho, costumavam enveredar por um encantamento contínuo pelas formas do banal. “Lembro de uma sequência de imagens de meios-fios, postes e árvores pintadas de cal como preparativos para os desfiles cívicos da cidade. O Lorenzo faz sempre recortes precisos, mantendo o mistério de quem teria feito aquilo e por qual motivo.”


O Grupo de Orientação Artística, organizado por Ana Paula Cohen e Thiago Honório, também marcou a caminhada de Lorenzo. Beust foi um dos artistas que passou mais tempo com eles, cerca de três anos. “Desde que eu comecei a acompanhar o trabalho, percebi que a produção dele conversava o tempo todo com a história da fotografia contemporânea, principalmente norte-americana, dos anos 80 para os 90”, reflete Cohen, doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade na PUC-SP.
A curadora e crítica de arte destaca como as imagens da série Mecânica se relacionam com aquelas produzidas por artistas dos anos 80 e 90, como as do fotógrafo Philip-Lorca diCorcia, referência em sua geração ao experimentar as fronteiras do real e ficcional. O encenado, caro ao estadunidense, conversa com o performado visto por Lorenzo em São Gabriel. “Os trabalhos dele trazem a montagem e a teatralidade, mas criam, especialmente, uma atmosfera de luz artificial. Ele lida com o contexto rural que já encontrou com a tela e a tecnologia. São imagens que evocam uma luminosidade outra, fluorescente, que fundou toda uma estética forte para a fotografia dos anos 90”, analisa Cohen.
O lugar que as telas ocupam nas últimas décadas provoca um granulado, um pixel, que é substancial para as imagens de Lorenzo. “Tenho a sensação que o trabalho do Lorenzo retoma essa conversa, por meio da linguagem da fotografia”, diz.
Na calada da noite
São seis da noite em São Gabriel. O sol à pino, produtor de sombras delineadas, tão marcantes no trabalho de Beust, dá lugar à luz de led quando anoitece. O frio se intensifica na partida do laço, mas as pessoas, os cavalos, e ele mesmo seguem de pé para adentrar a madrugada gelada.
A noite é uma das protagonistas da série Mecânica. Um Rio Grande do Sul que se revela no avesso daquilo que consolida seu próprio imaginário. O interior às escuras, incidido pelo flash, ou pelas luzes artificiais do urbano, revela uma erótica tateante, interessante, de quem olha para o fragmento e conta toda uma história. É o encontro dos capacetes, que se tocam em uma espécie de beijo. É o laço de couro enguiçado na moto, pronto para ser pego. É uma escultura misteriosa e fálica envolta por uma lona branca na beira da sarjeta. É o chapeado do carro desgastado de tanto rodar. Brechas e brechas para delirar, derivar.
Uma característica de sua atuação enquanto fotógrafo é a relação que estabelece com os arquivos. Em uma saída para um rodeio, pode clicar mais de 500 vezes. O arquivo vasto, extenso e categórico, porém, contrasta com um tempo estendido de relação com cada imagem. Ele conta que pode guardar uma mesma fotografia por anos, maturando, meditando com a imagem, até então retornar a ela. O ir e voltar configuram uma prática – no arquivo, no trânsito de Porto Alegre a São Gabriel, nas ruas da cidade, até que o igual fique diferente. “A graça do trabalho é fotografar a mesma casa, a mesma rua, a mesma esquina, muitas vezes. É uma busca por um certo esgotamento que nunca chega”, conta o fotógrafo.


Nos últimos anos, outra figura disparou em seu trabalho: a vaca mecânica de fibra. Mais uma tradição de SG que lhe inspirou a registrar pelas beiradas o real com corpo de fictício. A vaca alegórica, puxada por uma moto, é objeto de adoração de toda uma comunidade e também de Beust, que se lança para fotografá-la das mais diferentes formas. O que capta é a pele, o corpo, o couro, além do próprio modo de feitura. A vaca que existe para ser enlaçada é o perfeito encontro de mundos e materiais. É também um corpo que já foi outro corpo e traz em si lastros da própria morte.
Em torno dela, giram as festas, os treinos, os eventos de lazer da cidade. A Mecânica, vaca e série, delatam o novo, ao passo que atualizam a tradição. No trabalho, o tradicional – longe de ser fixo, convive com o contemporâneo o tempo todo, de modo crítico, sem exotificar. “Ele tem um pé dentro e outro fora. Existe uma criticidade feita com delicadeza”, pontua Ana Cohen.
O mito, muitas vezes, nos invade com facilidade. Na produção fotográfica de Lorenzo fica nítida que a matéria, a pele, a superfície e a textura são sementes potentes em direção ao onírico e à subversão. As imagens de Beust nos contam que é possível fotografar sem apenas falar sobre. Quando você acha que a fotografia se esgotou enquanto linguagem, ainda é possível caminhar mais, carnear, e, enfim, ver que ela também fala através. ///
Anna Ortega é repórter, interessada na escuta e escrita de processos artísticos. Trabalha com jornalismo cultural e cobre temas relacionados a direitos humanos, educação e crise climática. Colaborou em diversas publicações jornalísticas, como The Guardian, Piauí, UOL, Nexo, Revista Select, Portal Colabora, Portal Lunetas, Dialogue Earth, Nonada Jornalismo e outros. É também artista visual e fotógrafa.