Recomendações ZUM: arquivo MST, fotografia queer africana, Paolo Pellegrin e mais
Publicado em: 24 de junho de 2022No projeto A cor da fuga a artista brasileira Marina Amaral apresenta 12 imagens coloridas digitalmente de situações icônicas do deslocamento forçado de refugiados ao longo das últimas sete décadas. As fotos fazem parte do arquivo da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e foram escolhidas por retratarem pessoas em busca de proteção internacional desde a 2ª Guerra Mundial, evento que levou a comunidade internacional a adotar a Convenção da ONU de 1951 – que estabeleceu o conceito de pessoa refugiada e se tornou o principal instrumento legal para proteção internacional desta população. “As pessoas refugiadas são, na verdade, homens, mulheres, crianças, indivíduos e seres humanos. Não são personagens congelados em uma foto. Ainda que os contextos e tempos históricos mudem, essa consciência não pode se perder. Espero que as fotos coloridas ajudem nesse entendimento e nessa humanização que pode acabar se perdendo no monocromático”, afirma a artista brasileira.
Nos 50 anos da icônica foto da “menina do napalm”, o jornal Folha de SP publica depoimento de Kim Phuc Phan Thi, a garota que teve a vida transformada após o registro. “Você provavelmente já viu minha foto tirada naquele dia, fugindo das explosões com os outros – uma menina nua com os braços estendidos, gritando de dor. Foi tirada pelo fotógrafo sul-vietnamita Nick Ut, que trabalhava para a agência Associated Press, e publicada nas primeiras páginas dos jornais do mundo todo. Ela ganhou o Prêmio Pulitzer. Com o tempo, tornou-se uma das mais famosas da Guerra do Vietnã. Nick mudou minha vida para sempre com aquela foto notável. Mas ele também salvou minha vida. Depois que ele tirou a foto, largou a câmera, envolveu-me em um cobertor e me carregou correndo em busca de atendimento médico. Sou eternamente grata.”
O site brasileiro da Vice publicou matéria sobre o arquivo histórico do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), composto por cerca de 15 mil fotografias produzidas desde o começo da década de 1980, quando o movimento ainda estava se formando. “A fotografia pode servir como um instrumento de comunicação, inclusive com nossa própria base, além de denunciar os crimes e informar as pessoas sobre o que é o MST”, diz Jullyana Luporini, responsável pelo setor de arquivo e memória do grupo. Para ela, o elemento recorrente nos registros fotográficos é a questão da coletividade. “Uma foto de uma única pessoa, como um dirigente, não é tão importante quanto uma que mostra pessoas acampadas. E acho que isso está sempre presente nas imagens”, explica.
“Como fotografar essa escuridão sagrada? Ele ainda não sabia, embora estivesse lutando com alguma versão do problema por mais de 20 anos. Sem seus colírios, o nervo óptico de Pellegrin se deterioraria sob a pressão dentro de seus olhos; a escuridão que obstrui sua visão periférica continuaria a invadir. Pellegrin vem fazendo seu melhor trabalho desde que começou silenciosamente sua luta contra o glaucoma.” A revista The New Yorker publicou um perfil do fotógrafo italiano Paolo Pellegrin, destacando a sua busca pelo sublime na fotografia ao mesmo tempo em que convive com a ameaça da cegueira.
Milhares de fotografias de vítimas do ultrassecreto sistema de encarceramento em massa do governo chinês em Xinjiang fazem parte de um enorme volume de dados hackeados dos computadores da polícia da região. Os Arquivos da Polícia de Xinjiang, como estão sendo chamados, foram passados para a BBC inglesa no início deste ano. Após meses de esforços para investigá-los e autenticá-los, sabe-se agora que tais documentos e imagens podem oferecer novos insights sobre a política de encarceramento dos uigures e de outras minorias turcas da região.
Matéria no site do The Guardian comenta Africa state of mind, novo livro organizado por Ekow Eshun que celebra a fotografia africana contemporânea. A obra mostra o trabalho de artistas que olham para o eu e a sexualidade, de Zanele Muholi a Eric Gyamfi. “As pessoas que não entendem o que é ser queer têm uma noção errônea do que as pessoas queer deveriam ser ou parecer. O que eu quis fazer foi mostrar que as pessoas queer são pessoas em primeiro lugar e que atravessam todas as categorias de humanidade. Eu acho que não há uma maneira específica de se mostrar uma pessoa queer. Eles podem ser qualquer coisa ou qualquer um.” ///
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