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Destaque da ZUM #8, a fotógrafa Lee Miller ganha quatro mostras em 2015

Publicado em: 27 de abril de 2015

Lee Miller e Picasso depois da libertação de Paris, por Lee Miller, Paris, França, 1944 / Cortesia National Galleries of Scotland

Lee Miller e Picasso depois da libertação de Paris, por Lee Miller, Paris, França, 1944
Cortesia National Galleries of Scotland

 

Lee Miller (1907-1977) foi um dos nomes de maior impacto na fotografia do século XX. Nasceu em Poughkeepsie, no estado de Nova York, onde teve uma infância leve, livre e repleta de estímulos. Mais tarde, sua beleza revolucionou a moda. Além de ser a modelo mais retratada de sua época, consagrou-se como fotógrafa e correspondente de guerra. Durante muitos anos, a dimensão e a importância da obra de Miller permaneceram eclipsadas pela lenda em torno de sua pessoa, construída pela galeria de homens famosos com quem conviveu – foi amante de Man Ray e amiga, entre outros, de Paul Éluard, Saul Steinberg e Pablo Picasso.

A primeira grande retrospectiva de seu trabalho ocorreu em 2007, no Victoria and Albert Museum (Londres), por ocasião de seu centenário. Para 2015, o Albertina Museum, em Viena, programa uma mostra centrada em inéditos do pós-guerra; a National Portrait Gallery de Edimburgo, Escócia, vai focar nos registros da relação entre Lee Miller e Picasso; o Museu de Arte de Fort Lauderdale, na Flórida, abrirá uma exposição mais abrangente, intitulada Lee Miller, a indestrutível; e o Museu Imperial de Londres homenageará a artista com a mostra Lee Miller: a guerra de uma mulher.

A seguir, leia um trecho da matéria As múltiplas vidas de Lee Miller, escrita pela jornalista Dorrit Harazim, que pode ser lida na íntegra na revista ZUM #8:

“Muito antes de se tornar fotógrafa, Lee foi fotografada à exaustão por artistas do gabarito de Edward Steichen e Man Ray, cujas assinaturas por si só já constituíam um passaporte para a fama. Sua verdadeira iniciação diante das lentes, porém, ocorreu bem mais cedo, antes mesmo de Lee desabrochar como uma das mulheres mais formosas de seu tempo. Foi, no mínimo, perturbadora.

Ela ainda era a menina Elizabeth de Poughkeepsie quando começou a ser fotografada de forma sistemática e obsessiva pelo pai. Não raro posou nua. Essas sessões se repetiram ao longo de mais de uma década, e Lee deve tê-las estocado em sua intimidade blindada, junto a outros sentimentos.

Quis o destino que a menina marcada por um incomum acúmulo de traumas se tornasse uma jovem sem cicatrizes expostas. O encontro de Elizabeth com seu destino nada deve aos roteiros mais inverossímeis de Hollywood. Consumou- se num dia de inverno em Manhattan, em 1927, quando alguém a puxou da rua para a calçada e evitou que fosse atropelada. Desconcertada, ela balbuciou agradecimentos em francês ao cavalheiro que a amparava. Impactado com o garbo daquela jovem de arrojado chapéu cloche, o desconhecido apresentou-se: era Condé Montrose Nast, então com 55 anos, fundador do império editorial que incluía The New Yorker, Vanity Fair e Vogue. Convidou-a a ir vê-lo em seu escritório e a contratou na hora.

Um mês antes de completar 20 anos, Elizabeth estava na capa das edições americana e inglesa da Vogue. Trocou o prenome pelo apelido de infância – curto, andrógino e de maior impacto que o comportado Elizabeth – e tomou de assalto o mundo da moda. Nasceu assim a inesquecível Lee Miller.”

A matéria As múltiplas vidas de Lee Miller, de Dorrit Harazim, está disponível na íntegra na revista ZUM #8. Clique aqui para assinar a ZUM.

 

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