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ZUM #16 vem aí: lançamento em São Paulo na terça, dia 23/04

Publicado em: 18 de abril de 2019

Onika, da série Onika, de Camila Falcão, 2017

A revista ZUM #16 será lançada no dia 23 de abril (terça-feira), às 19h30, no IMS Paulista. Na ocasião, haverá um bate-papo com a fotógrafa Camila Falcão, autora de dois ensaios visuais deste número, e a ativista Amara Moira. A mediação será da jornalista Fernanda Mena. O evento é gratuito e aberto ao público.

Essa edição da revista apresenta duas séries da fotógrafa paulista Camila Falcão: Abaixa que é tiro retrata travestis e mulheres trans no cotidiano de suas casas; e Onika, que acompanha em fotos o processo de mudanças corporais da modelo trans Onika. Segundo a escritora Clara Averbuck, autora do ensaio que acompanha as fotos de Falcão, os retratos reforçam a beleza das modelos que constroem, diariamente, novas feminilidades: “Camila fez questão de reunir corpos fora do padrão; quanto mais fora, melhor. Esses corpos existem e precisam ser representados, afinal o que não é representado e registrado fica fora da história.”

A capa da ZUM #16 destaca o trabalho do fotógrafo sul-africano Guy Tillim. Na série Museu da revolução (2017), que recebeu o prêmio HCB da Fundação Henri Cartier-Bresson, ele registra ruas e monumentos de diversas cidades da África. Ao voltar sua câmera para o espaço público, Tillim reflete sobre as ambiguidades do processo de descolonização do continente, expressa nas alterações dos nomes das ruas, antes associadas a colonizadores, e, após as independências, a ditadores locais.

A ZUM #16 publica ainda um retrato de Oscar Niemeyer, descoberto recentemente, feito pelo fotógrafo americano Irving Penn em 1947, com texto do pesquisador Eduardo Costa sobre a relação entre fotografia, arquitetura moderna e indústria cultural, que, no período marcado pela Política de Boa Vizinhança dos Estados Unidos, ajudou a fomentar a produção de artistas brasileiros, entre eles Niemeyer.

Outro destaque é o artigo da historiadora Silvana Jeha sobre o arquivo de tatuagens do Museu Penitenciário Paulista. A partir do fim do século 19, funcionários do Estado passaram a fotografar os detentos, registrando inclusive suas inscrições corporais. Inspirados pelas teorias da criminologia positivista em voga na época, os psiquiatras tentavam identificar traços físicos e padrões de comportamento.

A relação entre poder e imagem também é abordada no texto Negativos eliminados. A curadora Inês Costa analisa como o governo dos Estados Unidos editou as fotos encomendadas a nomes como Dorothea Lange e Walker Evans, perfurando alguns desses negativos em um movimento de cerceamento do fotojornalismo. A jornalista Dorrit Harazim, na resenha do livro Um outro Vietnã: fotos do outro lado da guerra (2002), analisa o  imaginário construído em torno de eventos históricos a partir de imagens do conflito produzidas por fotógrafos vietnamitas do Norte e vietcongues, apresentando ao público novos olhares sobre o evento.

Esta edição traz também dois textos do fotógrafo Hiroshi Sugimoto traduzidos diretamente do japonês sobre as invenções criadas pelo homem para registar as imagens do mundo e, em suas palavras, “parar o tempo”. Já no ensaio O spam da terra, a artista alemã Hito Steyerl aborda a sociedade hiperconectada ao analisar a proliferação de spams retratando pessoas perfeitas, o “time dos sonhos do capitalismo”. Em contraste, o público a quem essas imagens se direcionam se encontra cada vez mais ameaçado pelo controle e pela vigilância das redes e pelo esfacelamento da representação política.

Em uma entrevista feita pela curadora Marta Mestre, o português Jorge Molder discute sua produção, especialmente Jeu de 54 cartes, série inspirada na estrutura do baralho francês, em que o artista submete o autorretrato à estética do acaso. E no ensaio Para além do México, o curador cubano Gerardo Mosquera analisa a obra do famoso fotógrafo Manuel Álvarez Bravo, destacando aspectos pouco abordados da produção de Bravo, em um esforço de afastá-lo dos rótulos do exótico e de representante de uma suposta identidade mexicana; ecos de um pensamento colonial, que sobrepõe a origem do artista às características particulares de seu trabalho.///

Pré-venda da ZUM #16 na loja virtual do IMS

 

Lançamento ZUM #16

 

Debate com Camila Falcão e Amara Moira
Mediação: Fernanda Mena
23 de abril, terça-feira, às 19h30
IMS Paulista
Sala de aula

Entrada gratuita, com distribuição de senhas 1 hora antes e limite de 1 senha por pessoa.

 

 

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