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Destaque do Festival Valongo, a fotógrafa africana Emmanuelle Andrianjafy fala sobre seu processo criativo

Publicado em: 13 de outubro de 2018

Nada é em vão, de Emmanuelle Andrianjafy, 2017

Vai até amanhã a terceira edição do Valongo – Festival Internacional da Imagem, em Santos, com a realização de palestras, debates, noites de festas, residência artística, oficinas e exposições. Sob o tema Não me aguarde na retina, o evento expande sua atuação para além da fotografia, abrindo mais espaço para outros campos ligados às artes visuais, como cinema, vídeo, performance, escultura e artes digitais.

Nessa terceira edição do Valongo, destaque para os artistas internacionais Kiluanji Kia Henda (Angola), Emmanuelle Andrianjafy (Madagascar), Federico Estol (Uruguay), Emilio Nasser (Espanha) e nacionais, como Negalê Jones, Cecília Bona, Rafael RG, Randolpho Lamonier, Thais Graciotti e Karlla Girotto. Idealizado, dirigido e produzido por mulheres, o evento ocupa o bairro localizado na zona portuária da cidade com 57 atividades gratuitas e mais de 100 artistas no total.

ZUM conversou com Emmanuelle Andrianjafy sobre Nothing´s in vain (Nada é em vão), publicado ano passado e que ganhou em 2016 o renomado prêmio de Primeiro Livro da editora britânica MACK. Em palestra e oficina, Emmanuelle apresentará o processo de criação e desenvolvimento de seu trabalho.

Até 2011, você não tinha nenhuma experiência mais formal com a fotografia ou qualquer prática artística, correto? Após a mudança para Dakar, o que fez você enveredar por este caminho? O que aconteceu nesse período, até ganhar em 2017 um dos mais importantes prêmios dedicados a fotógrafos novatos?

EA: Correto. Eu me mudei para Dakar em 2011 e em 2013 ainda me sentia perturbada com o meu novo ambiente. Senti a necessidade de lidar com a minha desorientação e enfrentar Dakar. A fotografia me permitiu fazer isso. Simplesmente descobri que eu poderia usar uma câmera para isso. Participei de um workshop – o Atelier Smedsby – que me ajudou a entender como eu poderia usar a fotografia para me expressar. Comecei a trabalhar no projeto que se tornaria o livro Nothing’s in Vain, fotografando intuitivamente, experimentando, usando diferentes linguagens visuais e fotográficas. Depois de 3 anos fotografando, senti que havia coberto minhas impressões e todos os elementos da cidade. Entendi que o formato do livro era ideal para meu projeto e fiz um boneco que enviei para o prêmio de Primeiro Livro da Mack em 2017. Nesse período até 2017 eu estava focada em fotografar e me familiarizar com minhas imagens. Para fazer o boneco do livro levei entre 2 e 3 meses.

Você nasceu em Madagascar, foi viver na França e retornou ao continente africano para morar no Senegal. Essa trajetória por diferentes países e continentes de alguma maneira permeia seu livro Nothing´s in vain?

EA: Se minha trajetória não tivesse sido a que foi, Nothing`s in vain nunca teria existido. É difícil dizer exatamente que influência teve, mas um projeto altamente subjetivo normalmente está ligado à história pessoal. Se eu tivesse vivido toda a minha vida em Dakar, provavelmente não teria sentido ou me expressado da maneira que fiz.

Quais suas expectativas nessa vinda ao Brasil? Você tem alguma ligação com nossa fotografia?

EA: É minha primeira vez no Brasil, estou animada por estar exposta a diferentes perspectivas e curiosa para descobrir novos trabalhos. Para mim, é refrescante.///

 

Mais informações e a programação completa aqui.

 

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