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Recomendações ZUM: cultura do cancelamento e fotografia, Claudia Andujar, Martin Parr, Bienal de SP e mais

Publicado em: 31 de julho de 2020

Mãe migrante, de Dorothea Lange, pixelizada no site facepixelizer.com e publicada no site de Jörg Colberg.

Em texto publicado em seu site, o crítico Jörg Colberg escreve sobre poder, consentimento e obrigações dos fotógrafos em relação aos fotografados, pontos chave que, na visão dele, são pouco discutidos por críticos, curadores e fotógrafos. “Ao contrário de muitas outras pessoas, não acho que um papinho descontraído com alguém a ser fotografado seja uma colaboração. Uma colaboração seria uma montagem conjunta da imagem, na qual o fotógrafo e o sujeito conversam sobre como ele deseja ser retratado, o que o fotógrafo vê nele, etc.”, comenta Colberg.

 

O anúncio, na semana passada, do desligamento do fotógrafo e curador Martin Parr do cargo de diretor artístico do festival de fotografia de Bristol esquentou o debate em torno da chamada “cultura do cancelamento”. A polêmica começou com a republicação em 2017, com prefácio assinado por Parr, do livro Londres (1969), do italiano Gian Butturini. No livro, o retrato de uma mulher negra trabalhando no metrô de Londres é publicado ao lado de uma foto de um gorila preso no zoológico. A estudante Mercedes Baptiste Halliday, ao perceber o viés racista da associação, iniciou há cerca de 18 meses em suas redes sociais um protesto contra o livro, cobrando uma resposta de Parr sobre as fotos e o projeto como um todo. O resultado, aparentemente, levou o fotógrafo a deixar a coordenação do Photo Festival de Bristol. Antes disso, e por conta da campanha de Baptiste Halliday, Parr instruiu Damiani, o editor do livro em questão, a interromper a publicação e a destruir as cópias existentes.

 

Imagem renderizada do vilarejo de Sand Banks, Bahamas, destruído pelo furacão Dorian em 1 de setembro de 2019. Publicada no site do jornal The New York Times.

O jornal The New York Times publicou matéria explicando e demonstrando o trabalho do seu departamento de pesquisa e desenvolvimento na recriação em 3D de cenas de interesse jornalístico a partir de fotografias. A técnica, chamada de fotogrametria, consiste em realizar dezenas ou centenas de fotos de um determinado local e depois utilizar um software que as “costura” em uma paisagem 3D, calculando relações de paralaxe e profundidade para dar ao leitor a sensação de explorar o lugar onde aconteceu a notícia. Um dos exemplos é a renderização do vilarejo de Sand Banks, nas Bahamas, destruído pelo furacão Dorian no dia 1 de setembro de 2019. Logo após a tragédia, a equipe de tecnologia do jornal foi até lá para registrar imagens e em seguida criar uma visualização 3D do local.

 

Com a adiamento da edição de 2020 por conta da pandemia de covid-19, a Fundação Bienal de São Paulo lançou uma programação especial online. Batizada de Bienal em Casa, entre as atividades disponíveis é possível fazer um tour virtual pela 30ª edição da Bienal, de 2012, que teve a América Latina como enfoque e homenageou o artista brasileiro Arthur Bispo do Rosário e o crítico e artista Waldemar Cordeiro. É possível também acompanhar uma playlist de vídeos no YouTube sobre essa edição, com registros da abertura, de performances, conversas com artistas, curadores, vídeos sobre ações educativas, a criação da identidade visual, a arquitetura da mostra e workshops.

 

A galeria Mendes Wood apresenta mais um episódio de seu programa Weekend Screenings, desta vez com o vídeo Modern, do artista Luiz Roque, um estudo peculiar de peças de arte moderna e suas relações com noções de corpo e gênero – e com o próprio legado do Modernismo.

 

Screenshot da obra New York Apartment (2020), de Sam Lavigne e Tega Brain, comissionada pelo Whitney Museum para a série Sunrise/Sunset. Imagem publicada no site da revista Select.

“A Covid-19 mudou a ‘relação de poder’ entre o espaço físico e o online, levando o ambiente da Web para o primeiro plano”. Em entrevista para a revista Select, Christiane Paul, curadora do Museu Whitney, fala sobre a inclusão da arte digital com novos modelos de colecionismo e práticas sólidas de preservação.

 

Matéria do jornal El País analisa os motivos que podem levar ao fechamento da Cinemateca Brasileira, o que seria um “símbolo da falta de política cultural do governo Bolsonaro”. A instituição abriga tesouros audiovisuais, como o arquivo completo de Glauber Rocha, maior expoente do Cinema Novo; as películas do cinejornal futebolístico Canal 100, feitas entre 1958 e 1986; as gravações de Marechal Rondon sobre as Forças Expedicionárias Brasileiras e o original do filme O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto, considerado o primeiro filme brasileiro com reconhecimento internacional.

 

 

Foto de Claudia Andujar da exposição A luta Yanomami

O site de fotografia American Suburb X publicou um texto sobre a exposição A luta Yanomami, de Claudia Andujar, realizada em 2019 pelo Instituto Moreira Salles em São Paulo e no Rio de Janeiro. Reaberta em Paris até setembro na Fundação Cartier, após período de fechamento por conta da pandemia de covid-19, a exposição segue depois para Milão.

 

O jornal Estado de Minas conversou com o fotógrafo Joédson Alves, autor da imagem de uma indígena Yanomami tentando colocar uma máscara de proteção sanitária usando seus ornamentos tradicionais no rosto. Ele conta os bastidores da incursão em terras indígenas – inclusive registrando um garimpo ilegal – e como conseguiu capturar esse momento. ///

 

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Leia também no #IMSquarentena uma seleção de ensaios do acervo das revistas ZUM e serrote, colaborações inéditas e uma seleção de textos que ajudem a refletir sobre o mundo em tempos de pandemia.

 

 

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