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Festival de Tiradentes 2019 expõe fotografia da região Sul do Brasil

Publicado em: 27 de março de 2019

Começa hoje a 9ª edição do Festival de Fotografia de Tiradentes. Como já é tradição, a cada ano uma região do Brasil tem uma exposição montada especificamente  para o evento. Este ano foi escolhida a região Sul, e os fotógrafos João Castilho e Pedro David contam em entrevista (abaixo) como foi a seleção de trabalhos para essa edição. O resultado poder ser visto na exposição Vento Sul, que apresenta obras de 31 artistas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Este ano, a cidade mineira receberá 19 palestras, 26 exposições, 35 lançamentos de livros com a presença dos autores, 12 workshops e cursos e três sessões de vídeos sobre fotografia. Destaque para o lançamento do livro Faltam mil anos de história, de Gabriel Carpes, vencedor do prêmio Foto em Pauta de 2018; para a conversa com a artista Aline Motta, vencedora da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS de 2018; a exibição de 10 vídeos feitos pelo cineasta Jorge Bodanzky para o site da ZUM; e a exposição de 46 livros, zines, revistas e catálogos, selecionados a partir de uma convocatória do Festival ZUM de 2018.

Leia abaixo entrevista com João Castilho e Pedro David, curadores da exposição Vento Sul.

 

Desde 2017, o festival Foto em Pauta apresenta uma exposição em que faz um recorte da produção fotográfica contemporânea de uma determinada região. Ano passado foram trabalhos de artistas da região Centro-oeste e no ano anterior do Nordeste. Em 2019 o foco será a região Sul. O que os fotógrafos do sul mostraram a vocês?

A produção apresentada, como sempre, é muito variada porque não impomos nenhum filtro ou tema. Nossa orientação é apenas buscar trabalhos no campo da expressão pessoal e não na fotografia aplicada. Fora isso, tudo está valendo. É importante dizer que não estamos interessados no currículo ou na trajetória dos artistas, no que é mostrado e conversado ali na hora, frente a frente. Por isso há fotógrafos que nunca participaram de uma exposição ao lado de outros já consagrados pela história da fotografia brasileira.

Nesta segunda viagem explicitamos o interesse em lidar com trabalhos que falassem sobre a região. Isto não era um corte absoluto, não usaríamos apenas trabalhos com viés regional, mas deixamos claro que se o artista fosse apresentar um trabalho “territorial”, este território deveria ser a região Sul. Isto para evitar trabalhos sobre o Rio de Janeiro, Amazônia ou Nova York, por exemplo.

Dentro desse recorte, podemos dizer que vimos de tudo. Trabalhos documentais, intimistas, trabalhos que utilizam técnicas artesanais, em filme, vídeos, objetos, livros de artista, séries, fotos isoladas, polípticos, apropriações, colagens. Foram mais de 100 portfólios vistos e uma variedade imensa. No final, selecionamos 31 artistas para a exposição.

 

Vocês foram curadores da exposição do ano passado também. Sentiram alguma diferença significativa entre a produção do Centro-oeste e a do Sul do Brasil?

Sim. Há diferenças, claro. No Sul existe um número maior de artistas trabalhando com fotografia muito por causa do grande número de escolas e grupos de estudos que existem por lá. Há também uma contaminação maior com outros meios como a pintura, o vídeo e o objeto. Mas, dentro do nosso objetivo, encontramos trabalhos de grande qualidade nas duas regiões.

 

Como foi o trabalho de curadoria na hora de selecionar as obras? Algum eixo temático específico guiou as escolhas?

Nossa metodologia é ver os trabalhos junto com os artistas, discutir alguns pontos, esclarecer algumas questões e levar tudo para Belo Horizonte para ser discutido novamente em dupla (pelos curadores João Castilho e Pedro David). À medida que vemos os trabalhos, começamos a pensar sobre as questões abordadas e nas que se repetem, na diversidade encontrada, para depois agruparmos e separarmos os trabalhos.

É nesse segundo momento que surgem alguns eixos. No caso da exposição Vento Sul temos três eixos principais. Um primeiro que vai na direção da relação entre pintura e fotografia se dando em vários níveis: pintura sobre imagem, pintura em papel fotográfico, composição, luz, referências, etc. Um segundo eixo apresenta trabalhos mais íntimos, seja na relação do artista com seu próprio corpo, seja na relação com um sujeito próximo. O terceiro trata da questão da paisagem, pois encontramos um número importante de trabalhos que abordam a paisagem do Sul do Brasil. Os dois primeiros núcleos são apresentados em duas salas do Centro Cultural Yves Alves e o terceiro no Museu de Sant’Ana.///

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O Festival Foto em Pauta acontece em Tiradentes (MG) entre os dias 27 e 31 de março

Mais informações e programação completa: http://fotoempauta.com.br/festival2019/

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