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A fotografia de Ron Haviv e o cinema de Jean-Luc Godard

Publicado em: 6 de junho de 2014

“Fotografia é a verdade. Cinema é a verdade 24 vezes por segundo.”
Jean-Luc Godard (Le Petit Soldat, 1963)

Em 26 de junho de 1991, uma dia após a declaração de independência da Eslovênia, o fotojornalista e cofundador da agência de fotografia VII  Ron Haviv decidiu embarcar para a então Iugoslávia, onde passou a próxima década registrando a guerra civil que reconfigurou o país.

O curta Je vous salue Sarajevo, uma produção de 1993 do cineasta francês Jean-Luc Godard, decompõe em uma série de closes uma fotografia de três vítimas da guerra da Bósnia que Ron Haviv fizera no ano anterior. A narração off de Godard focaliza os fragmentos da imagem, que conspiram para abstrair seu sentido geral, tornando os elementos individuais meros símbolos a serem decifrados: de um rifle – violência, proteção ou poder? – aos óculos e cigarro do soldado, que discretamente zombam de nós ao nos remeterem às trivialidades da sociedade nesse contexto brutal.

Com a série “Sangue e mel”, da qual a fotografia em questão faz parte, Ron Haviv queria parar a guerra da Bósnia.  Não conseguiu, mas sua foto foi usada como prova do genocídio cometido pelo então presidente Radovan Karadzic no julgamento que ainda está em curso.

Jean-Luc Godard é cineasta. Nome consagrado desde Acossado (1959), clássico da Nouvelle Vague francesa, há décadas o diretor vem explorando os limites do formato cinematográfico. Tem sido destaque na mídia internacional com seu novo filme, Adeus à linguagem, longa em 3D que disputou a Palma de Ouro no festival de Cannes.

Leia aqui matéria do blog Lens, do jornal The New York Times, sobre o trabalho de Ron Haviv.

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